Se tivesse ensaio, o MasterChef Brasil não seria tão bom. Sempre, as provas trazem candidatos que nos surpreendem. E essa foi uma repescagem inesquecível. Como já havia antecipado no blog, haveria uma teoria da conspiração. E não poderia ter personagem melhor do que uma física para colocar esse processo em curso.
Caroline foi a estrela da semana passada ao questionar os resultados que seriam dados pelos jurados Paola Carosella (Arturito e La Guapa Empanadas), Erick Jacquin (Tartar & Co e Le Bife) e Henrique Fogaça (Sal Gastronomia, Jamile, Admiral’s Place e Cão Véio). O mais interessante que ela falou isso com os colegas entre dentes, quase sussurrando, como se o microfone não estivesse aberto e gravando tudo. Deu no que deu. Ou melhor, ela chegou para causar e causou, como comentei no Twitter.
Aliás, do que era mesmo a primeira prova? Carne de porco, mas quase todo mundo esqueceu, tamanha foi confusão. Se Caroline mandou mal, Fogaça entornou o caldo ao convidar a candidata para vazar. Não era necessária tanta grosseria. “Vaza” é pesado demais, seu Fogaça. Com esse tipo de atuação de candidato e jurado, parece tudo combinado, só que não. Ficou nítido para mim que situações como essas podem surgir a todo instante, e render muito, ao ser convidado para participar de A Reunião, episódio balanço da primeira temporada com os profissionais no fim do ano passado.
Naquela ocasião, chefs vaidosos e falastrões ficaram dizendo o tempo todo o quanto eram ótimos e se queixando da edição. Claro que a gravação do programa teve muito mais material do que foi ao ar. Para alguns dos participantes, foi até melhor que houvesse cortes. Ficaram até mais resguardados no tamanho do ego. Isso levou minha colega Cristina Padiglioni, do blog TelePadi a comentar comigo: “Achava que artistas eram vaidosos, seres difíceis, até participar desse programa de chefs”.
Voltando à edição da semana passada, depois teve a prova do desafio. Os dois melhores na carne suína teriam de desafiar colegas do mezanino. Nayane quis disputar com Taise e Vitor B. pegou em facas contra o Fabrizio. O detalhe é que todos teriam de fazer pratos que colocaram os desafiados na competição. Um filé-mignon ao béarnaise com vagem e uma caldeirada de frutos do mar com arroz de leite de coco, respectivamente.
Os autores dos pratos saíram-se muito melhor. Nayane, por exemplo, não tinha noção do que é um béarnaise e o empresário-pagodeiro Vitor B. desconhece frutos do mar. Sobraram os dois, que se enfrentaram em uma prova supertécnica: espaguete à carbonara. Vitor B. levou.
No episódio de hoje, o Brasil de cartão-postal brilha. Será revisitada a cozinha do Recôncavo Baiano e a convidada, nascida Aldaci dos Santos e famosa como Dadá da Bahia com seu sorriso contagiante, mostrará como se faz o verdadeiro acarajé. Os participantes que, divididos em duplas ou trios farão seis acarajés e o mesmo número de caldinhos de sururu, terão ainda uma missão extra nesse embate. Além de agradar o paladar da especialista Dadá, vão passar também pelo crivo da cantora Daniela Mercury. Outro trio de bolinhos e caldos feito por eles será avaliado pelos jurados. Resultado, salvam-se nesta prova dois grupos.
Uma das eliminações mais curiosas de todos os programas apresentados até aqui acontecerá em seguida. Conhecido como sobremesa ou parceiro para doces, em especial os quentes como petit gâteau de Erick Jacquin, o sorvete virará guarnição de prato salgado. Uma pedida de verão neste outono chuvoso.
Os jurados darão exemplos verbais de possíveis combinações, mas sem qualquer tipo de demonstração. Parece uma prova de malucos, mas os concorrentes saem-se muito bem na média e geram dificuldade para o trio de verdugos na hora da decisão. Claro que sempre há desastres.
Ainda sobre sorvetes para acompanhar pratos salgados, fiz uma viagem para a Espanha em 2005 para cobrir o Madrid Fusión para a Gazeta Mercantil, onde era editor de gastronomia na época. Nesse evento, um dos principais encontros de gastronomia do mundo até então capitaneado pelo gênio da cozinha, o chef Ferran Adrià, descobri uma série de vinagre feita de maneira mais refinada. Não falo aqui do aceto balsâmico de Modena, uma joia rara, mas de vinagre que tornam o dia a dia mais feliz, feitos de vinhos tempranillo, cabernet sauvignon etc. Comprei vários frascos e trouxe na mala para fazer uma prova com especialistas.
O encontro foi realizado na C2, de André e Maria Luiza Ctenas e participaram o chef Laurent Suaudeau e o restaurateur Belarmino Iglesias. Fiquei intrigado mesmo foi com vinagre de cava, o espumante espanhol. Na ocasião, desafiei um dos confeiteiros mais talentosos que conheço, Flavio Federico, para desenvolver um sorbet com o vinagre de cava, muito usado na Espanha nos pratos de pescados. Uma ousadia na época. Virou um inusitado acompanhamento para saladas por um Federico de vanguarda. Aprovadíssimo. A receita você confere clicando aqui. Que quiser conhecer de perto o trabalho de Federico ele é proprietário e professor de Academia de Confeitaria, em São Paulo.
Conheça os participantes:
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