“A senhora é sem-vergonha?”, diz vereador para presidente da Sabesp
Police Neto reagiu a uma conversa, cuja gravação veio à tona, na qual Dilma Pena o critica e classifica a CPI de "teatrinho"
Revelados pela Folha de S.Paulo nesta quinta-feira (15), trechos de uma conversa entre a presidente da Sabesp, Dilma Pena, e o vereador Andrea Matarazzo (PSDB), deram um tom incendiário ao plenário da Câmara Municipal nesta manhã.
Segundo o jornal, a gravação foi feita enquanto os dois falavam antes do depoimento dela, no dia 8. Ele teria dito que a CPI “não tem a menor consequência”. Dilma teria emendado: “Teatrinho”. Matarazzo: “Totalmente”. E depois: “Dilma, vai por mim, não se impressione. Esquece. A consequência é zero, nada”.
Em determinado momento, Dilma critica o vereador José Police Neto (PSD): “Ele é muito sem-vergonha, a gente ajudou ele tanto e ele jogou os pés no nosso peito.”
Na manhã desta quarta-feira, Police Neto reagiu ao discursar na Casa. “Presidente, a senhora é ‘muito sem-vergonha’? Vereador, o senhor é ‘muito sem-vergonha’? Sou obrigado a recorrer aos órgãos judiciais quanto a isso.”
+ Grupo marca dança da chuva no Masp para aumentar volume do Cantareira
+ Promotor diz que Sabesp sabia do risco do Cantareira desde 2012
+ Presidente da Sabesp admite que há falta de água em São Paulo
“Me preocupo com a CPI, com a casa, com a repercussão negativa que esse episódio pode trazer, mas acho que ele deve servir de apuração do que são e devem ser nossas CPIs e apurações. O racionamento ético e moral não se esgotam pela chuva”, finalizou Police Neto.
No início de sua fala na reunião da CPI desta quarta-feira, Dilma se justificou para os vereadores. “A conversa particular e fora do período institucional dessa casa com um amigo me constrange profundamente. Foi um comentário infeliz.”
Já Mario Covas Neto (PSDB) fez a leitura da nota de Matarazzo, onde diz que a gravação “se trata de parte de conversa particular”. No texto, ele aproveitou ainda para explicar os termos utilizados no diálogo com Dilma. “A expressão teatro jamais foi usada com relação à CPI e sim num comentário a respeito do exagero de linguagem próprio da arena política, utilizado por nós vereadores em momento de maior tensão.”
Ainda na nota, Matarazzo explicou que não questionou a eficiência da CPI, mas apenas disse que Dilma estava qualificada para responder tecnicamente todos os questionamentos dos vereadores. “Meu objetivo era apenas tranquilizar uma servidora técnica que seria inquirida em uma CPI.”
Matarazzo aproveitou ainda para pedir desculpas na carta para Police Neto por ter usado termo “inadequado e desrespeitoso.”