O ano também foi bicudo para o mercado hoteleiro na capital. A Abih, entidade dos empresários do setor, estima que o setor feche o ano com queda de 7% na taxa de ocupação. A baixa é reflexo da crise econômica. Ela afetou, sobretudo, as viagens de negócios (o turismo corporativo representou 70% dos 15 milhões de visitantes que estiveram na cidade em 2014).
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O cenário pouco animador, no entanto, não assustou investidores atentos ao filão de altíssimo padrão. Nos próximos três anos, a metrópole ganhará quatro endereços destinados a receber hóspedes abastados, dispostos a pagar diárias acima de 1 000 reais. As construções estão em andamento no Morumbi, no Brooklin e no centro.
De acordo com o presidente da Abih, Bruno Omori, uma das razões dessa aposta baseia-se na experiência: os muito ricos costumam mudar pouco seus hábitos de consumo em momentos de crise. Dados da SPTuris (empresa de capital misto responsável pelo turismo na cidade) mostram que a taxa de ocupação na categoria mais cara ficou em 60%, o mesmo desempenho dos hotéis econômicos, mas com um faturamento bem maior, considerando a diária média de 735 reais (mais que o dobro dos concorrentes econômicos).
A segunda explicação para a onda de investimentos é uma aposta no comportamento do mercado nos próximos anos. “Com o dólar nas alturas, além da classe AAA, esses negócios vão fisgar o público A e B, que ficará mais no Brasil e provavelmente fará um upgrade nas suas escolhas de hospedagem”, aposta Omori.
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Uma das novidades do pacote é o Palácio Tangará. Com entrega prevista para o segundo semestre de 2017, ele tem ares de castelo europeu e seu terreno é cercado pelo Parque Burle Marx, no Morumbi. Os 141 dormitórios do local e o salão de festa envidraçado, com capacidade para 360 pessoas, são emoldurados pela vista do bosque.
“Nosso objetivo é ser mais high- touch do que high-tech, ou seja, o diferencial será o serviço e o conforto”, diz Alain Brière, vice-presidente de marketing da Oetker Collection. A empresa alemã, além de produzir alimentos, administra hotéis cinco-estrelas na Riviera Francesa, nas ilhas Seychelles (África) e St. Barts (Caribe), além de Paris e Londres. Iniciada em 1999 e abandonada por uma empreiteira que desistiu do projeto, a obra foi retomada no fim de 2014.
A poucos quilômetros dali e previsto para julho de 2018, o Four Seasons São Paulo é o primeiro empreendimento da grife canadense no Brasil. O local escolhido foi o Parque da Cidade, complexo imobiliário em construção pela Odebrecht na Marginal Pinheiros. A marca quer conquistar um público que vem a negócios, mas exige mimos e atendimento personalizados.
Entre os serviços exclusivos, haverá carros com motorista à disposição dos clientes e personal shoppers para ajudá-los nas compras. Quem se hospedar em uma das 254 unidades (as maiores possuem 300 metros quadrados) ainda poderá desfrutar o famoso spa da rede. “Nossa inspiração é o Four Seasons Toronto, similarmente em uma área empresarial nobre e com a proposta de oferecer requinte tanto na hospedagem quanto na moradia”, afirma Ruy Rego, da incorporadora Iron House, parceira brasileira do grupo na empreitada. Além das suítes, a torre de 29 andares terá 84 apartamentos residenciais de 92 metros quadrados (com valores a partir de 750 000 dólares) a 213 metros quadrados (cotação a partir de 5,8 milhões de reais).
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Outra bandeira do tipo que aportará por aqui é a americana Rosewood, responsável pelo icônico The Carlyle, em Nova York, além de resorts no Caribe e na Ásia. Em São Paulo, a área do Cidade Matarazzo Rosewood é o quarteirão de 27 000 metros quadrados onde funcionou o Hospital Matarazzo, na Bela Vista. Parte do hotel tomará as dependências da antiga maternidade.
Tombado pelo Patrimônio Histórico, o prédio de 1904 vem sendo restaurado e abrigará as suítes mais exclusivas. A maioria dos 151 quartos desse empreendimento ficará em um prédio assinado pelo arquiteto francês Jean Nouvel em parceria com o designer Philippe Starck. No mesmo lugar, haverá uma galeria de arte brasileira, onze restaurantes e lojas. A previsão de inauguração é 2018.
Assim como o Four Seasons na Marginal Pinheiros, o Cidade Matarazzo terá apartamentos (114 deles) para moradores. A mesma tendência será vista no Ca’d’Oro, o lendário hotel da Rua Augusta que será reinaugurado em fevereiro, depois de uma reforma de seis anos e investimentos de 100 milhões de reais. Ali, além dos 150 aposentos para hóspedes, foram erguidas 374 unidades residenciais de até três dormitórios e outras 380 salas comerciais.
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Demanda Crescente
Os números da hospedagem classe AAA
■ 696 Quartos serão adicionados à rede paulistana (hoje com 42 000) após as quatro inaugurações
■ 735 Reais é a diária média de um hotel da categoria por aqui
■ 60% de ocupação foi a média dos superluxuosos (como Unique e Tivoli) entre janeiro e novembro