O ovo de Páscoa dos sonhos de todo confeiteiro é assim: tem a casca brilhante e uniforme, apresenta sabor acentuado de cacau e derrete na boca como sorvete de massa em dias bem quentes. Na vida real, os doces nem sempre seguem essa receita. Para baratear a produção e aumentar a durabilidade, muitas empresas usam gordura hidrogenada e adicionam açúcar em excesso à guloseima.
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Com o objetivo de avaliar a qualidade dos produtos à venda na cidade, convidamos cinco especialistas para uma degustação de ovos de chocolate ao leite, variedade mais consumida pelo paulistano.
O júri foi composto por Arnor Porto, chef-confeiteiro do restaurante e hotel Emiliano; Beatriz Marques, diretora da revista Menu; Guga Rocha, chef e apresentador do programa Homens Gourmet, no canal Bem Simples; Samara Trevisan Coelho, professora de confeitaria e panificação do Senac-São Paulo; e Helena Galante, crítica de Comidinhas de VEJA SÃO PAULO.
Pensando na relação qualidade-preço, dois critérios principais conduziram a seleção das dez marcas testadas: só seriam aceitas versões de tamanho médio, com no mínimo 196 gramas, e os preços não ultrapassariam R$ 35,00, o equivalente a R$ 178,60 o quilo.
Para o espanto da reportagem, raríssimas opções assinadas por docerias tinham as características descritas. De uma lista de pelo menos dez endereços consultados, apenas a Chocolates Marghi, em Interlagos, e a Di Siena, em Perdizes, entraram na disputa. Entre as lojas de rede com apelo popular, participaram a Cacau Show, a Chocolates Brasil Cacau e a Munik, ambas com diversas unidades na capital. Ainda que os preços dos ovos industrializados, disponíveis nos supermercados, também estivessem salgados, as principais marcas foram contempladas. Engordaram a lista de concorrentes, portanto, Arcor, Garoto, Lacta, Nestlé e Top Cau.
Realizada no prédio da Editoria Abril, em Pinheiros, no último dia 15, a prova durou cerca de três horas. Os experts provaram todos os chocolates e, sem que um soubesse o voto do outro, atribuíram notas de 1 a 10 para cada ovo nas seguintes categorias: apresentação, textura da casca, aroma e sabor, este último quesito valendo o dobro. O resultado surpreendeu. Sagrou-se campeã, uma loja pouco conhecida, embora tradicional no mercado. Com 8,3 pontos, a Chocolates Marghi, em Interlagos, levou a melhor ao apresentar um ovo de superfície bem acabada e sabor fiel ao do cacau. “A qualidade é extremamente superior”, ponderou Guga Rocha. Feita artesanalmente, a guloseima de 200 gramas é a mais cara dentre as testadas. Custa R$ 32,00 a unidade ou R$ 160,00 o quilo.
Em segundo lugar, com 5,8 pontos, mais uma surpresa. O chocolate industrializado da Top Cau levou a medalha de prata. “A textura da casca e o brilho estavam dentro da média”, avaliou Beatriz Marques. Na loja de fábrica, montada no Pari apenas durante o período de Páscoa, a unidade com 400 gramas ganha preço promocional e custa sedutores R$ 16,00 — valor mais em conta da disputa. Apesar de menos famosa, a marca desbancou nomes de peso como Cacau Show, Arcor, Nestlé, Di Siena e Lacta, que ocuparam da terceira à sétima posição, respectivamente. Nas últimas fileiras do ranking, aparecem as sugestões da Munik, Chocolates Brasil Cacau e, em último colocado, a da Garoto, que teve desempenho de 3,1. “O doce era opaco, muito doce e repleto de falhas”, criticou Arnor Porto.
Veja abaixo na tabela a pontuação de cada ovo de Páscoa avaliado: