Na terça-feira, falei pelo telefone com Deborah Secco quando ela se preparava para entrar no cinema. Foi ver Boa Sorte com a família e, em seguida, jantar com os parentes para comemorar seu aniversário – a atriz completou 35 anos na quarta-feira. O bate-papo, embora rápido e interrompido por falhas na comunicação, foi ótimo. Deborah, sempre simpática, não fugiu de nenhuma pergunta e, extremamente solícita, conversou comigo até o momento em que entrou na sala, com jujubas e um pacote de pipocas – metade salgada, metade doce – nas mãos.
Como foi a preparação para interpretar Judite, a paciente soropositiva e viciada em drogas de Boa Sorte? Antes mesmo de começar a produção, quis entender a doença. Coloquei no Google as palavras “HIV” e “primeiro caso no Brasil” e apareceu o nome do doutor (infectologista) David Uip. Queria saber o que os pacientes, tratados por ele, tinham em comum no olhar ao saber do diagnóstico da aids, e fazer a personagem com conhecimento de causa.
E como foi o acompanhamento? Ele me levou para ver as pesquisas e também pessoas que estavam morrendo. Encontrei uma realidade que desconhecia. O olhar da Judite é o de que vai morrer, de uma força desmedida, embora saiba que a luta está perdida. E a Carolina Jabor (diretora) queria uma Judite serena, preparada para esta partida, como se desligada do corpo físico.
Perdeu muitos amigos em decorrência da aids? Vários. E tenho outros que são soropositivos. A doença foi um marco comportamental na história. O amor mudou antes e depois da aids, assim como, hoje, a internet está mudando a sociedade.
É notável seu emagrecimento no filme. Quantos quilos perdeu? Pelo peso que estou hoje, foram doze quilos. Fiz uma dieta radical com acompanhamento médico e diário. Contudo, não repetirei na minha vida. Não posso fazer isso por estética, mas fiz por um trabalho. Briguei muito com a Carolina porque ela dizia que eu não precisava emagrecer tanto. E eu falava que, para a Judite ter muita vida, precisava que meu corpo tivesse a fragilidade da morte.
Você tem mais um filme pronto, Obra-Prima… Sim, fiz uma participação pequena. Foi uma experiência nova do (diretor) Daniel Filho, que filmou em dois dias e finalizou em um. É uma tentativa de fazer filmes mais baratos.
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E o filme sobre a banda Calypso? Acho que a produção parou e não sei se volta. Mas Joelma é uma personagem que me fascina. Teria de aprender a cantar, jogar cabelo, ir pra Belém…
Me parece que você sempre gosta de desafios… Estou amadurecendo e, hoje, tenho certeza do que eu não quero. Viver na área de conforto e fazer o que eu já sei não me interessam mais. Nem mesmo na TV. Chega uma hora em que não dá mais para repetir estereótipos.
Como lida com o assédio dos fãs? Nos lugares que eu frequento, não muito há assédio. Ocorre mais se eu for para o Nordeste ou para o subúrbio, que são lugares inusitados onde as pessoas não estão acostumadas a me ver.
Você me parece mais reclusa hoje em dia… Sempre fui uma pessoa reclusa, só que agora eu não saio de casa (risos). O que me resta é viver na casa de amigos, da minha mãe, da minha avó…
Os paparazzi te incomodam? O assédio da imprensa está bem mais calmo. Mas, neste exato momento, tem um paparazzo tirando fotos de mim e da minha família. E isso não é legal! Esta é a parte ruim.
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