A foto acima, publicada no Instagram de Rodrigo Oliveira, me deixou curioso. O chef do Mocotó e do Esquina Mocotó posou ao lado do prefeito Fernando Haddad e de Alex Atala, responsável pelo ótimo menu do D.O.M. e pela cozinha do brasileira Dalva e Dito, premiado como o melhor brasileiro pela edição especial “Comer & Beber” de VEJA SÃO PAULO.
Conversei com os dois cozinheiros. A dupla teve esse primeiro encontro com o administrador do município para discutir temas ligados à gastronomia na cidade. “A grande voz é o Alex, que arquitetou esse encontro”, diz Oliveira.
“Fomos trocar ideias com o prefeito, que tem uma agenda voltada também para a gastronomia”, revela Atala. O cozinheiro premiado internacionalmente acredita que Haddad reconhece a importância do tema, capaz de gerar inclusão social, criação de empregos e arredação de impostos, por exemplo.
A alta cozinha quer andar de mãos dadas com o ambulante
Durante as quase duas horas de conversa, Atala e Oliveira abordaram assuntos como as responsabilidades e necessidades de quem trabalha com comida. Aproveitaram também para apresentar projetos do Instituto Atá, encabeçado pelo próprio Atala, e do C5 (Centro de Cultura Culinária Câmara Cascudo), um grupo de estudos sobre alimentação sediado no Engenho Mocotó (no piso superior do Mocotó) e capitaneado pelo próprio Oliveira e pelo sociólogo Carlos Aberto Dória. O prefeito sinalizou de maneira positiva.
“Falamos sobre a revitalização do Mercado de Pinheiros e comida de rua e o aparato culinário que pode ser implantado no parque que está sendo criado em torno da Represa de Guarapiranga”, adianta Atala. “Lembramos que gastronomia também é inclusão social, cultura e preocupação com o meio ambiente.”
Atala descreve os pontos principais dessa primeira conversa:
Revitalização do Mercado de Pinheiros
O mercado da Cantareira, um dos equipamentos mais visitados da cidade, tornou-se um ponto turístico. Lá, está muito bem representada a culinária dos imigrantes, a diversidade de culturas e das receitas trazidas para São Paulo por portugueses, espanhóis, italianos… No processo de revitalização do Mercado de Pinheiros, queríamos propor a representação brasileira pensando nas cozinhas nacionais: mineira, amazônica, baiana, gaúcha, pantaneira, de todas as partes do país. O Mercado de Pinheiros poderia representar um painel da migração. A ideia não é excluir quem está lá dentro, mas expandir os serviços, já existe espaços vazios. O mercado fica em uma área nobre, com transportes como o metrô, e está subaproveitado. Pensamos inclusive em uma programação de cursos do Ata e do C5 para promover ingredientes brasileiros, discutir o conjunto da cozinha, a preocupação com a cadeia produtiva e o meio-ambiente.
Comida de rua
Como a comida de rua tem caráter informal, é possível contribuir bastante, encaminhar conversas sobre legislação sanitária, ajudar com treinamentos e dar estrutura para o trabalho. Queremos sugerir o aproveitamento de pequenos espaços públicos ociosos. São praças, canteiros centrais, onde poderíamos ter comida de rua e trabalhar a inclusão social. Queremos quebrar essa imagem de que chef só faz comida cara e para um único segmento da cidade. Os chefs estão preocupados com ações sociais. São formas de entender que o alimento não é somente o que está dentro do prato. É o homem e o meio-ambiente. A alta cozinha quer andar de mãos dadas com o ambulante.
Depois desse primeiro passo, já está prevista uma a segunda reunião em novembro, ainda sem dia definido.
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