Filósofo francês respeitado, Denis Diderot (1713-1784) ficou conhecido como o idealizador, ao lado de Jean le Rond d’Alembert, da “Enciclopédia”, um inventário que pretendia padronizar conceitos em plena era do iluminismo. Sua maior dificuldade foi encontrar uma definição para a palavra moral. É justamente no dia do vencimento do prazo para a entrega do verbete que se passa “O Libertino”, do dramaturgo francês Eric- Emmanuel Schmitt. Adaptada e dirigida por Jô Soares, a comédia traz à tona temas como ética, sexo e relações de poder com base em outro lado de Diderot: o de um mulherengo incorrigível.
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Afiado no histrionismo, Cassio Scapin interpreta o pensador incapaz de se concentrar na tarefa. Sobram motivos para dispersar sua atenção. Uma pintora (papel de Luciana Carnieli) o visita e não tarda para se deitar em seu divã. Enciumada, a esposa dele (Tânia Castello) entra em crise, e uma ninfeta (Luiza Lemmertz), amiga de sua atrevida filha (Érica Montanheiro), o envolve em uma cilada que abala suas convicções.
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Essas cenas isoladas já garantiriam risadas. A direção, no entanto, investe no duplo sentido das situações e salienta as contradições em torno do protagonista, perdido entre a teoria e os fatos. À vontade no timing cômico, o elenco — completado por Daniel Warren — demonstra unidade, mas a surpresa fica por conta de Érica Montanheiro, que, junto de Scapin, leva a diversão do discurso para a prática e assegura a satisfação do espectador.