Famoso no Jardim Cristiane, na periferia de Santo André, na região metropolitana de São Paulo, o ajudante de serralheiro Estefano Zaquini, de 20 anos, emocionou milhares de espectadores na última terça (11) ao ser eliminado do MasterChef Brasil, da Band. Na ocasião, ele não conseguiu agradar os chefs com sua receita de caranguejo, mas garantiu um futuro na gastronomia: Erick Jacquin prometeu contratá-lo como auxiliar no restaurante Tartar&Co, do qual é sócio. “Estefano, eu tenho uma equipe boa, vou te dar o meu cartão e a minha equipe vai te ensinar tudo o que você precisa saber para ser um grande cozinheiro”, prometeu.
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Desde a infância, o cheiro das coxinhas preparadas por ele, que exalava da cozinha de sua casa, nos fundos de uma viela, deixava os vizinhos com água na boca. Bolos, esfihas, focaccias, mousses e tortas doces também saíam dali para serem vendidos em um isopor no meio da rua ou no bingo semanal que reúne os moradores da região. Por isso, a torcida entre os vizinhos era grande.
Estefano mora com a mãe, a avó e cinco cachorros em uma casa de cinco cômodos na favela. Começou a cozinhar aos 8 anos de idade, quando fez seu primeiro pão, e não parou mais. “Tenho orgulho por ele ser quem é. Cozinhar é o prazer da vida dele”, conta a avó Marina Zaquini, de 68 anos.
Ela se gaba para falar do neto conhecido “por Santo André inteira” e seus doces “maravilhosos”, que infelizmente ela não pode provar por ser diabética. “Ele puxou isso de mim. Fui criada dentro da cozinha e aos 7 anos fazia comida para minha família inteira”, conta a dona de casa.
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Na vizinhança, o jovem alto e corpulento é conhecido como Té, Tefo ou Periclão, em referência ao sambista do Exaltasamba. “Foi uma criança criada dentro de casa, que sempre trabalhou e ficava com a avó para cima e para baixo”, conta Ednábia Santos, de 51 anos, que há anos sente o cheiro das experiências gastronômicas do vizinho.
Até os 13 anos, Estefano vendia os salgados que produzia pela ruas do bairro. Nessa idade, um tio o chamou para trabalhar em sua serralheria. Permaneceu lá como assistente por sete anos, recebendo um salário mínimo, que usava para ajudar nas contas de casa. Isso até o primeiro semestre deste ano, quando entrou na competição do MasterChef.
A eliminação causou comoção entre as pessoas de sua convivência. “Fui dormir desanimada. Falei para o pessoal que a gente não deve ter rezado o suficiente”, diz a amiga Samila da Costa. A família do cozinheiro é religiosa e vai todos os dias nos cultos da Igreja Universal do Reino de Deus. “Eu chorei muito e agora não vou mais assistir a esse programa. Ele representou nossa comunidade”, completou outra amiga, Conceição Barbosa.
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Além do emprego no restaurante em Pinheiros, na Zona Oeste da capital, o jovem pretende retomar os estudos – completou o Ensino Médio no final de 2013. No último fim de semana, prestou a prova do Enem para tentar entrar em uma faculdade de gastronomia. Também já procurou informações sobre o curso técnico oferecido em uma Escola Técnica Estadual de São Paulo (Etec) em sua região. “Ele já venceu bastante. Espero que cresça, seja feliz, compre uma casa e monte o restaurante dele”, diz a avó.