Nas últimas temporadas, o diretor Alexandre Reinecke firmou-se como um autêntico encenador de comédias. Mesmo sem repetir o êxito de “Toc Toc” (2008), que continua em cartaz no Teatro Gazeta, ele se manteve na ativa em sucessivas montagens, algumas irregulares. Logo, a incursão em um drama tão pesado como “Equus”, no Teatro Folha, mostrava-se desafiadora, sem garantia de sucesso. Era de um atrevimento desses que Reinecke precisava para abandonar a zona de conforto das gargalhadas. Desde “Oração para um Pé de Chinelo” (2005), peça de Plínio Marcos, ele não se saía bem numa história densa.
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Montado pela primeira vez no Brasil em 1976, com Paulo Autran, o texto do inglês Peter Shaffer oferece múltiplas ferramentas. Econômico e preciso, o ator Elias Andreato dá vida a um psiquiatra que investiga os motivos capazes de levar um jovem (o convincente Leonardo Miggiorin), obcecado por cavalos, a cometer um ato bárbaro. Para o médico, desvendar a mente do rapaz pode ser a forma também de entender a própria identidade.
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O engenhoso cenário de André Cortez reproduz um misto de celas e cocheiras por onde transitam ainda os pais antagônicos (Jorge Emil e Patricia Gasppar), uma namorada (Bruna Thedy) e o imaginário do garoto. Aos poucos, as pistas para justificar o misterioso crime são oferecidas. Reinecke ampliou o suspense sem diluir a profundidade psicológica nem a discussão sexual. Tanto as cenas de nudez de Miggiorin e de Bruna como as que transformam atores em cavalos apresentam rara sutileza. Em meio ao embate principal sobra pouco para o resto do elenco, completado por Mara Carvalho, Léo Steinbruch, Gustavo Malheiros e Fernanda Cunha. Mas nada é desperdício. O espectador sai com a sensação de que todos os recursos utilizados no palco foram realmente necessários.
AVALIAÇÃO ✪✪✪