Antonio Fagundes e Bruno Fagundes protagonizam “Vermelho”
Pai e filho interpretam um pintor e seu assistente na comédia dramática em cartaz no Teatro Geo
Na vida real, estão frente a frente no palco Antonio Fagundes, de 62 anos, um dos mais respeitados atores brasileiros, e seu filho, Bruno, de 22, que tenta solidificar seus passos. Escrita por John Logan, a comédia dramática “Vermelho” confronta o artista plástico russo Mark Rothko (1903-1970) e o jovem assistente Ken, um aspirante a pintor com os ideais típicos da juventude e ainda ingênuo para saber que só a experiência ajusta algumas equações. Ao assistir ao espetáculo que inaugura o Teatro Geo, localizado no Ohtake Cultural, em Pinheiros, o espectador acaba calculadamente envolvido nesse jogo de espelhos.
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Rothko aparece mergulhado em um projeto polêmico, mas rentável: produzir a peso de ouro uma série de quadros para a decoração de um refinado restaurante na Nova York de 1958. O garoto limita-se a limpar pincéis, ajustar o tecido das telas e comprar cigarros. Até o dia em que decide expor o que pensa e testar a paciência do mestre, sempre crítico a um mundo que já começa a deixá-lo para escanteio.
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A direção requintada e firme de Jorge Takla rege e sustenta os dois lados da história. Tanto o equilíbrio ficcional como o embate de pai e filho (ou artista consagrado e iniciante) são conduzidos de forma inteligente para seduzir e inquietar a plateia. A escalação de um ator igualmente jovem e mais expressivo poderia ter posto Antonio Fagundes mais à prova. Mas a opção por Bruno não deve ser analisada só pela razão. Fagundes sabe que é hora de abrir a porta para as novas gerações e, diante do filho, oferece uma leitura mais sentimental da figura do grande ator. E nesse ponto, ele, quase sempre tão técnico, ousou se desafiar.
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