Internautas reagiram às reclamações contra o Museu da Imagem e do Som (MIS) feitas por moradores do Jardim Europa, na Zona Oeste, que organizaram um abaixo-assinado listando uma série de problemas e declararam guerra ao espaço. Em contrapartida aos vizinhos do local, mais de 5 400 assinaturas foram colhidas em dois dias em um protesto online. “Pedimos pulso firme dos agentes do estado contra aqueles que sempre usufruíram das benesses e benfeitorias do poder público e hoje não conseguem enxergar ou dividir o seu espaço e equipamentos com o grosso da população”, diz a petição.
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O imbróglio começou quando os moradores divulgaram um documento assinado por mais de 150 pessoas em que reclamam de situações que “perturbam o descanso noturno, bem como a rotina diária dos cidadãos” do bairro. Entre os problemas estaria o barulho causado por pessoas que ficam na fila da exposição Castelo Rá-Tim-Bum, a presença de caminhões que entregam mercadorias para o restaurante Chez Mis e a festa Green Sunset que ocorre um sábado por mês.
“Não dá para alterar toda a vida de um bairro por causa de uma exposição. Que eles se estruturem para receber essas pessoas”, diz Maria Aparecida Brecheret, de 70 anos, uma das coordenadoras do movimento. Segundo ela, o documento será entregue à Subprefeitura de Pinheiros para que uma atitude seja tomada pelo poder público.
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O diretor do MIS, André Sturm, confirmou que recebeu as solicitações dos moradores e afirmou que o museu tomou providências para que alguns dos problemas fossem resolvidos. Uma placa foi colocada em frente ao MIS, proibindo entregas na madrugada. E, se o caminhão parar em uma garagem, o museu não recebe as mercadorias. “Há menos de um mês, recebi por e-mail um abaixo-assinado com mais ou menos dez assinaturas. Não respondi porque é uma manifestação visivelmente semelhante àquela em Higienópolis, quando anunciaram que ia ter metrô e os moradores disseram que não queriam gente diferenciada. É preconceituoso.”
No caso de Higienópolis, internautas fizeram um churrasco no meio da rua para as “pessoas diferenciadas”. No Jardim Europa, um grupo já planeja um churrascão no próximo sábado (27). Mais de 240 confirmaram presença no evento organizado na internet, e prometem se encontrar na esquina das Ruas Bucareste e Luxemburgo a partir das 16h.
Maria Aparecida, que é viúva do escultor Victor Brecheret e uma das conselheiras do Mube, vizinho ao MIS, rebate a acusação de elitismo. “O Jardim Europa é um bairro modelo para São Paulo e não tem que ser desvirtuado só porque é preconceituoso [reclamar do MIS]. Acho que todos têm que ter acesso à cultura, mas que se organize. Organizando, você traz educação para as pessoas.” (Com Estadão Conteúdo)