Um estudo da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) mostrou que a Covid-19 pode afetar o sistema reprodutor masculino. O artigo, publicado na revista científica Andrologia, aponta casos de epididimite, uma inflamação no epidídimo, um canal que fica na parte posterior dos testículos. Em 26 pacientes com casos leves e moderados da doença, 42,3% apresentaram a condição.
Os espermatozoides passam por essa estrutura, que tem cerca de 6 metros de comprimento, para adquirir diversas atribuições que ajudam a fertilizar o óvulo. Um comprometimento deste órgão pode levar a problemas de fertilidade.
Em entrevista para o Jornal da USP, o urologista Thiago Teixeira explicou que a suspeita de que a Covid-19 poderia afetar o sistema reprodutor masculino veio da epidemia de SARS, decorrente de outro tipo de coronavírus. Autópsias mostraram pacientes que tiveram a SARS com inflamação dos testículos.
Os pesquisadores relataram que ao decorrer da pandemia alguns dos seus pacientes que tiveram a doença apresentaram alterações no sêmen. “A ideia então foi estudar os pacientes que estavam na enfermaria e ver o estado dos testículos deles através de ultrassom”, explicou Jorge Hallak, professor da FMUSP. “Se os espermatozoides não passarem pelo epidídimo, há diminuição da fertilidade”, disse o docente.
Os pacientes que participaram da pesquisa tinham entre 18 e 55 anos. Nenhum apresentou dores escrotais, apesar de casos de epididimite estarem presentes em 42,3%. “É uma doença muito mais séria do que imaginávamos em termos de saúde do homem”, afirmou Hallak.