Parece um erro frequente e muito comum pensar que o Theatro Municipal vive só de concertos eruditos e espetáculos líricos. Não é bem assim.
+ Exposição resgata a história negra do Theatro Municipal
De Milton Nascimento, com o show Milagre dos Peixes (1974), há quase cinquenta anos, a Emicida, com Amarelo, em 2019, não é de hoje que o edifício projetado por Ramos de Azevedo no coração da capital é palco para apresentações que extrapolam a seara clássica. Mas parece ser agora que essa diversidade tomou conta da agenda de todos os espaços da icônica casa de espetáculos.
Neste mês, estrearão três programações e eventos gratuitos e inéditos: o mensal Samba de Sexta, o trimestral Rima Falada e, em apresentação única, O Espetacular Encontro entre o Baile de Favela, a Música Eletrônica e a Música Clássica no Theatro Municipal (na foto em destaque).
“Foram criados para atender um público maior, até quem não costuma vir ao teatro, ou que sempre passa por aqui mas nunca entra. Foram pensados para os jovens”, explica Eduardo Dias Santana, coordenador da programação.
“Essa proposta veio da direção do teatro, de pensar todo o complexo, que abrange não só o palco, mas o Salão Nobre, a Sala do Conservatório e o vão livre da Praça das Artes”, completa (confira detalhes sobre cada um dos eventos ao final desse texto).
O movimento de tornar a curadoria do Municipal mais diversa — tanto em gêneros artísticos como em espaços ocupados — acompanha o aumento da presença de artistas negros na casa.
Em seu último mês de exibição, a exposição Presente! — Presença Negra no Theatro Municipal de São Paulo, na Praça das Artes, reúne dezenas de documentos que trazem à tona a história negra do teatro, desde 1915.
A pesquisa mostrou que só o biênio 2020/2022 supera todas as outras décadas em número de apresentações do gênero — o que envolve artistas negros identificados no evento e também repertórios de arte afro- brasileira. São 49. Entre 2010 e 2019, foram apenas 34.
O Espetacular Encontro entre o Baile de Favela, a Música Eletrônica e a Música Clássica no Theatro Municipal
Idealizado pela dupla de produtores culturais VJ Mole (abaixo) e Denis Lacerda, o evento traz apresentações de DJs de diferentes vertentes — como Lys Ventura, Andy e o duo Deekapz —, com acompanhamento da violinista paulista Lyarah Live.
Dividido em quatro atos, que abrangem o funk, o house e a música clássica, o espetáculo começa na escadaria externa, com o artista indígena Nelson D, e depois segue para a escadaria interna.
Tanto na fachada do teatro quanto em seu interior, projeções de video mapping criam uma narrativa visual, trazendo imagens das periferias do Brasil.
Livre. Theatro Municipal. Praça Ramos de Azevedo, s/nº, ☎ 3053-2090. ♿ Sáb. (18), 19h30. Grátis. theatromunicipal.org.br.
Rima Falada
Abrindo a programação trimestral que realiza bate-papos seguidos de pocket shows de grandes nomes do hip-hop nacional, Evandro Fióti estará no Salão Nobre do Municipal no sábado (11).
Músico, produtor e empresário à frente da gravadora Laboratório Fantasma, ele falará sobre sua carreira e o mercado da música.
Livre. Theatro Municipal. Praça Ramos de Azevedo, s/nº, ☎ 3053-2090. ♿ Sáb. (11), 17h. Grátis. theatromunicipal.org.br.
Samba de Sexta
De março a novembro, em toda segunda sexta-feira do mês, o vão da Praça das Artes receberá rodas de samba.
No próximo dia 10, a estreante será a tradicional Comunidade Samba da Vela.
Fundado no ano 2000 em Santo Amaro, na Zona Sul, o grupo resgata vertentes tradicionais do gênero, como o samba de terreiro e o partido-alto.
14 anos. Praça das Artes. Avenida São João, 281, Centro, ☎ 3367-7201. ♿ Sex. (10), 19h. Grátis. theatromunicipal.org.br.
Publicado em VEJA São Paulo de 8 de março de 2023, edição nº 2831
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