Ao contrário do que se pode imaginar, uma feira de fotografia não consiste apenas em imagens emolduradas no seu formato mais convencional. Na SP-Arte/foto, que acontece até o próximo domingo (23), no Shopping JK Iguatemi, a fotografia aparece nos mais diversos suportes e faz parte de criativas instalações. O evento reúne cerca de 400 artistas de 31 galerias brasileiras e, agora em sua 9ª edição, a mais importante feira dedicada à fotografia apresenta dezenas de trabalhos que questionam e extrapolam os limites desta arte.
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No estande da curitibana SIM Galeria, todas as obras expostas são apresentadas em suportes não convencionais, como a instalação de Isidro Blasco. Imagens de prédios clicadas pelo artista espanhol viram verdadeiras cidades tridimensionais, quando colocadas em suportes de madeira.
A artista mineira Marcia Xavier criou grandes objetos óticos como suporte para sua fotografias. Tiradas de visões aéreas de locais como o Parque do Povo, os registros são inseridos em grandes caleidoscópios, intitulados Lunetas. As obras podem ser conferidas no estande da galeria paulistana Casa Triângulo.
No trabalho de Celina Portella, a fotografia é apresentada em fusão com a performance. A artista carioca retrata a si mesma em diversas posições, e as emoldura em espaços triangulares, dando a impressão que está presa no quadro. A obra está instalada rente ao chão e ao teto do estande da Carbono Galeria, o que dá um tom ainda mais bem-humorado à obra.
Na feira, até o post-it virou suporte para a fotografia: os bloquinhos amarelos tornaram-se papel de impressão de fotografias em preto e branco, que remetem a cenários antigos. A artista Íris Helena faz jus aos papeizinhos usados para breves lembretes, e dá à obra o título de Notas de Esquecimento. O trabalho faz parte do estande da galeria carioca Portas Vilaseca.
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Técnica muito utilizada no século XIX, o daguerreótipo está presente na SP-Arte/Foto em dois estandes: FASS, com obras do carioca Francisco Moreira da Costa, e na Galeria Rabieh, que expõe itens de Cris Bierrenbach. Estes artistas são os únicos brasileiros a utilizarem o método, que consiste em uma imagem gravada em uma placa de metal. O material utilizado é raro e químico, e seu processo de produção não poderia ser mais meticuloso. Na série Esquecidos, de Cris Bierrenbach, 49 daguerreótipos foram criados a partir de imagens tiradas pela artista após o terremoto que atingiu o Haiti, em 2010.