Nos momentos finais do show do grupo irlandês Snow Patrol no Rock in Rio 2011, uma falha técnica obrigou o vocalista Gary Lightbody a interromper uma das músicas mais aguardadas pelo público, Open Your Eyes. “Isso não costuma acontecer”, ele disse. “Ao menos vocês vão ver o Red Hot Chili Peppers logo mais.” Comentários modestos desse gênero marcam a trajetória de cinco rapazes que não fazem questão de demonstrar uma condição incontestável: com 12 milhões de discos vendidos e quase vinte anos de carreira, eles viraram celebridades do pop rock, mas ainda se portam com uma simplicidade incomum. O quinteto se apresenta pela segunda vez na cidade, nesta quarta (10), no Credicard Hall.
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Superbandas como o U2 e o Coldplay moldam a sonoridade do conjunto, que se tornou mais grandiosa ao longo do tempo. Ao vivo, porém, Lightbody, Jonny Quinn (bateria), Nathan Connolly (guitarra), Paul Wilson (baixo) e Tom Simpson (teclado) se exibem sem muitos ornamentos. Amparados pelas imagens fora de foco de um telão e por um jogo de luzes bem sacado — alterna cores frias (para as baladas) e quentes (nos trechos mais ruidosos) —, eles evitam surpresas ou excessos.
Na última vinda ao país, eles integraram a programação concorrida do festival Natura Nós, em 2010. Sem terem de disputar espaço com outras atrações, os moços ganham agora mais liberdade (e tempo) para aliar os antigos hits, como Run e Chocolate, a novidades do disco Fallen Empires, de 2011, de pegada eletrônica e dançante. Carismático, o vocalista costuma papear com a plateia entre uma música e outra. Compensa com bom humor os momentos mais mornos do espetáculo. Já muito distante da época em que era apenas uma cria alternativa do pequeno selo londrino que abrigava o indie Belle & Sebastian, a banda formada em 1994 tenta operar uma estratégia rara: crescer no show business sem perder a cabeça. Por enquanto, funciona.