Em uma festa para mais de cem pessoas regada a pipoca, cachorro-quente e cerveja, além da atriz Alessandra Negrini como mestre de cerimônias, a prefeitura anunciou oficialmente nesta terça (28) a volta do Cine Belas Artes. O cinema, que ainda deve passar por uma reforma, será inaugurado até maio e passará a se chamar Cine Caixa Belas Artes.
A Caixa Econômica Federal assinou um contrato de 1,8 milhão para o primeiro ano de patrocínio. O convênio, porém, é de cinco anos e o investimento pode chegar a 11 milhões no período. Não é o primeiro banco que patrocina o Belas Artes – o HSBC já deu nome ao cinema entre 2004 e 2010.
“Eu me sinto aqui menos prefeito e mais signatário de um abaixo-assinado que pedia a volta do Belas Artes”, disse o prefeito Fernando Haddad, que assinou o manifesto enquanto ainda era candidato, em 2012. “Fui frequentador durante muitos anos e até vizinho desse cinema.”
O evento na Praça das Artes reuniu parte do secretariado de Haddad, vereadores da base aliada, convidados e os integrantes de movimentos que pediam a volta do cinema. O vereador Eliseu Gabriel (PSB), que deixou o time de secretários do prefeito este ano, levou um grupo de eleitores que aplaudiam a cada vez que seu nome era mencionado.
“Se todo equipamento cultural ameaçado tivesse a militância que o Belas Artes teve, não teríamos tanta coisa fechada por conta da especulação imobiliária, disse o secretário de Cultura, Juca Ferreira.
De acordo com o administrador do cinema, André Sturm, o ingresso do Belas Artes será 20% mais barato do que o valor praticado por outras salas da Avenida Paulista. A reportagem apurou que Sturm deve pagar ao proprietário do prédio, o empresário Flavio Maluf, 110 000 reais por mês de aluguel.
Reabertura
O Cine Belas Artes estava fechado há três anos, após o antigo dono e hoje diretor do Museu da Imagem e do Som (MIS), André Sturm, ter de entregar o prédio em 2011 por não conseguir mais pagar o aluguel nem obter patrocínio para as salas.
As negociações para a retomada do cinema estavam acontecendo ao longo de 2013 e, segundo Sturm, houve “gentileza e interesse” por parte do dono do imóvel, Flávio Maluf. Com diversos imbróglios patrimoniais – os órgãos de preservação não decidiam se tombavam ou não o cinema, inaugurado em 1967 -, Maluf não conseguiu alugar o prédio durante todos esses anos e amargou o prejuízo.
O cinema voltará do jeito que era antes: seis salas e uma programação voltada para os títulos mais independentes e menos comerciais. O Noitão e o Cineclube, tradicionais atrações do Belas Artes, também estarão de volta.