Tarefa difícil a do dramaturgo Eduardo Ruiz: adaptar para o teatro o romance Pornô, do escocês Irvine Welsh. Seus personagens são os mesmos de Trainspotting, livro do escritor levado às telas pelo cineasta Danny Boyle em 1996.
Coube ao diretor Gustavo Machado a tarefa espinhosa de criar uma atmosfera independente do cinema e das imagens que os espectadores teriam dessa turma dez anos depois. Pois Pornô — Falcatrua Nº 18 633 consegue a proeza. Com elenco afinado e ambientação sob medida, o espetáculo tem vida própria.
Em 2010, a peça estreou na balada Vegas, na Rua Augusta. Uma boa sacada. A ação se desenrolava na pista de dança do térreo, com o público acomodado em cadeiras e sofás.
Entre carreiras de cocaína, Sick Boy (o ator Sérgio Guizé) cuida de um boteco. Spud (papel de Fábio Ock) se vê impotente diante do mundo. Franco (Guilherme Lopes), recém-saído da prisão, procura um rumo. Renton (Carlos Carcarah) tenta outra vez se dar bem. Outras figuras se interligam ao quarteto para ganhar dinheiro fácil na produção de um filme pornô. Irônicos e afiados, os diálogos globalizam esses tipos, que poderiam estar na Inglaterra ou na periferia paulistana.
Mas as cenas não se apoiam apenas em palavras. A direção desenvolve imagens que exploram a versatilidade do elenco (completado por Abhiyana, Ana Nero, Fernando Fecchio e Joana Dória) e faz a plateia se tornar parte daquele universo.
Pornô — Falcatrua Nº 18.633 (100min). 18 anos. Estreou em 9/2/2010. Teatro e Bar Cemitério de Automóveis.Rua Frei Caneca, 384, Consolação. Quarta e quinta, 21h. Ingresso: R$ 40,00
AVALIAÇÃO ✪✪✪✪