Sem realizar uma individual na cidade desde a excelente retrospectiva Maldicidade — Marco Zero, exibida no MIS em 2010, Miguel Rio Branco, de 65 anos, retorna com La Mécanique des Femmes 2, em cartaz na Galeria Millan a partir de quarta (17). O título foi extraído de um livro do escritor francês Louis Calaferte, no qual um narrador masculino tenta se colocar no lugar das mulheres para entender as particularidades delas. Questões de sensualidade sempre marcaram presença na produção de Rio Branco, homenageado com um pavilhão próprio no instituto Inhotim, em Brumadinho (MG), e o único brasileiro a integrar a agência Magnum. Desta vez, o assunto é abordado em fotos de erotismo sutil, sobretudo nos cliques de pernas femininas, seja na rua ou em lanchonetes de fast-food.
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Além de trazer as fotografas que o tornaram conhecido, a exposição aposta em outros suportes. Seus registros feitos com a câmera revelam-se bastante pictóricos, e não por acaso: a formação inicial do artista se deu com o pincel, e algumas telas estão incluídas na montagem. “Sinto necessidade de não me prender a uma coisa só, não faço distinção entre gêneros”, diz Rio Branco, nascido nas Ilhas Canárias, onde o pai era diplomata. Caixas de luz exibem material antigo, a exemplo de revistas e slides. No andar superior da galeria há uma instalação formada por máquinas industriais encontradas no lixo e um vídeo. A ambientação, inclusive com o chão pintado de vermelho, mimetiza o visual do isolado ateliê do fotógrafo, em Araras, na região serrana do Rio de Janeiro. “Minha relação com a cidade é tanto de atração quanto de repulsa. Aqui evito essa avalanche de consumo tão dominante e lamentável no universo das artes visuais hoje em dia.”