Após um hiato de quinze anos, o chão da cidade volta a tremer no próximo fim de semana, 19 e 20 de outubro, com a quinta edição do festival Monsters of Rock, que traz nomes de peso do rock. Com uma legião de admiradores, Aerosmith, Whitesnake e Slipknot possuem cópias quase perfeitas na cidade, como os paulistanos do Serpens Albus, que há quatro anos tocam as músicas do Whitesnake ou o Fever, versão nacional do Aerosmith. Com o mesmo visual macabro dos mascarados, a banda Crowz faz sucesso com sua versão de Slipknot. Conheça a trajetória de quem fez fama reproduzindo canções de seus ídolos.
+ Qual é a melhor banda cover de rock de São Paulo? Vote!
Fever, o Aerosmith do Brasil
A ver pela bocarra, Jedai W Rock, 30 anos, não poderia ter escolhido banda melhor para homenagear. Desde 2002, o produtor musical e professor de canto encarna Steven Tyler, o líder e vocalista do Aerosmith, em bares paulistanos de rock. “No cenário da época estava difícil tocar cover de tudo nos bares”, lembra. “Como eu sou fã da banda desde molequinho e tinha um pessoal que falava que eu parecia o Steven, decidi montar a Fever.”
Deu certo. De lá para cá, tocaram em nove estados – em São Paulo, passaram por todos os bares de rock, do Ledslay ao Morrisson – e alguns países vizinhos, como a Argentina e o Uruguai. A Europa também conheceu Jedai, em 2005, quando foi convidado pela Toxic Twins, banda-tributo do Aerosmith na Inglaterra, para uma turnê pelo continente.
Formada ainda por Samuka Away (bateria), Kadu Sasso (guitarra), Mario Leinf (baixo) e Portuga Pereira (guitarra solo), todos com 30 anos ou quase lá, a Fever tem feito uma média de dez shows por mês neste ano. Nas próximas semanas, o quinteto poderá ser visto em cidades do interior. Neste sábado (19), eles se apresentam no Blackmore, na capital.
“Steven Tyler sempre foi espelho para mim”, afirma Jedai, que imita com fidelidade todos os trejeitos vocais do ídolo. Nine Lives é seu disco preferido do Aerosmith. Do repertório de hits, o coração bate mais forte por Dream On, Fly Away From Here, Back in the Saddle e What It Takes. Em 2007, fã e ídolo se encontraram no hotel onde a banda americana estava hospedada, horas antes do show no Estádio do Morumbi. “Levei um material da Fever e ele disse que sabia quem eu era. Mas acho que ele só estava sendo legal”, brinca. Ou não. Uma foto sua já apareceu num site que Steven Tyler costumava atualizar antigamente.
Assim como o Aerosmith, a Fever também costuma arrastar fãs alucinados por onde passa. “Algumas groupies já tentaram escalar o prédio de um hotel onde estávamos hospedados, enquanto eu jogava um dos lenços que uso no pedestal [marca registrada de Tyler] para ajuda-las a subir”, conta aos risos. “A gente também tentar transmitir a magia do Aerosmith no palco.”
Limp Bizkit + Slipknot: dupla jornada
Originalmente, o Limp Bizkit formou-se em 1994, mas só foi estourar em 2000, quando lançou o polêmico disco Chocolate Starfish and the Hot Dog Flavored Water. Recheado de sucessos, o álbum emplacou faixas como Take a Look Around, que também fez parte da trilha sonora do filme Missão Impossível II. Essa música, aliás, é sempre a mais pedida nos shows que os paulistas do NO SEX Limp Bizkit Cover fazem em média uma vez por mês em casas como o Aquarius, na Zona Leste, e o Blackmore, em Moema. “Encerramos todas as apresentações com ela”, conta Denio Aparecido, 35 anos, vocalista do grupo cover.
Com cinco integrantes, a banda foi formada em 2005, após o lançamento do disco Results May Vary, de 2003, massacrado pela crítica. A saída do guitarrista Wes Borland levantou ainda boatos de que o grupo estaria prestes a acabar. Foi quando Denio e amigos montaram o projeto. “Começou como um hobby, mas queríamos que as músicas não fossem esquecidas”, afirma o vocalista. “Hoje tem uma galera que está sempre nos shows e às vezes até me param na rua para perguntar se não sou o vocalista da banda”, diverte-se Denio.
Ele, que concilia o palco com o emprego de funcionário público, também faz parte da Crowz, cover da banda de metal americana Slipknot. “Fazemos sempre jornada dupla”, conta Denio. “É um pouco trabalhoso porque o Slipknot usa maquiagem e máscaras, então no final ficamos exaustos.” O esforço vale a pena, já que a banda vem recebendo convites para tocar em outros estados, como Minas Gerais e Maranhão.
Os covers de Whitesnake
Não é fácil reproduzir uma voz com a de David Coverdale, do Whitesnake. Mas duas bandas da capital cumprem bem a tarefa: a Whitesnake Brasil Cover e a Serpens Albus, formadas respectivamente em 2004 e 2009.
Em seus quase dez anos de estrada, a Whitesnake Brasil Cover já faz uma média de 400 shows por ano e já gravou participações na TV, como no Programa do Jô. Mas um dos momentos de maior felicidade para o vocalista Vagner Oliveira, 41 anos, músico profissional que também toca em shoppings e casamentos, foi quando ele e seus colegas foram recebidos por David Coverdale e companhia no hotel Hilton, em São Paulo. “Mostramos nosso material e eles assinaram um termo autorizando o nosso trabalho”, conta Vagner.
Com Régis Pandorf, da Serpens Albus, que trabalha numa empresa de tecidos, o encontro foi mais casual, mas não menos emocionante. “Esbarrei com Coverdale no saguão do aeroporto do Rio de Janeiro”, afirma Pandorf. “Tirei fotos e foi um momento sensacional”, acrescenta. Ele também coleciona itens da banda, é apaixonado pelo clássico Still of The Night, que em todas as oito apresentações, em média, que fazem por mês. A performance ao vivo dos ídolos não é exatamente uma novidade para Pandorf, que já viu sete shows da banda britânica. “O oitavo será no domingo (20), no Monsters of Rock”, diverte-se.