O menino Vrajamany Fernandes Rocha, que teve o braço direito amputado depois de ter sido atacado por um tigre no zoológico de Cascavel (PR), em 30 de julho, esteve em Sorocaba nesta sexta-feira (3) para fazer a primeira prova do braço artificial doado pelo empresário Nelson Nolé, que tem uma clínica especializada em produtos ortopédicos na cidade. A prótese, que será personalizada com o desenho de um tigre, deverá ficar pronta em até 10 dias e pesará em torno de 1,5 kg.
De acordo com Nolé, o valor do braço estético varia de 15 000 a 20 000. O empresário é o mesmo que doou uma prótese para o ciclista David Santos de Souza, de 21 anos, que teve o braço direito amputado depois de ser atropelado na Avenida Paulista, em março do ano passado. Nelson conta que 30% do que produz são doados. “Nós escolhemos pessoas que não têm condições de pagar pelas próteses”, completa.
A prótese sugerida para Vrajamany será feita de fibra de carbono com luvas de silicone. O cotovelo será mecânico, mas movido apenas como pêndulo, sem influência nos movimentos do menino. “Esta prótese é necessária para fazer o balanceamento do corpo, que ficou assimétrico após a amputação do braço. Ela tem como objetivo evitar problemas de coluna, não deixar que o ombro dele fique mais alto pela falta do braço e, por fim, ajudar no equilíbrio do corpo”, afirma Nolé.
+ Ciclista atropelado na Paulista: um futuro decepado
Segundo o protético Francisco de Assis, que trabalha na empresa de Nolé há 20 anos e que testou a o braço artificial em Vrajamany, serão necessários alguns ajustes no ombro e a diminuição no comprimento. No entanto, Nelson destaca que a primeira prova foi positiva. “Estávamos preocupados porque quando foi feito o molde ele estava com um edema e com muita sensibilidade, mas estamos felizes porque o menino achou a prótese confortável e ficou contente de saber que será personalizada”, afirmou o empresário.
De acordo com a família, o garoto sofria com a chamada “dor fantasma”, uma espécie de efeito colateral psicológico decorrente da amputação do membro. Na segunda visista a Sorocaba, a mãe de Vrajamany, Mônica Fernandes Santos, conta que ele está melhor e que não sente mais incômodos. “A gente brinca que o Vrajamany virou ‘menino do tempo’. Toda vez que começa a fazer frio ele sente um incômodo em um ponto da mão que ele perdeu, principalmente no local em foi a mordida do tigre. Mas não é como era antes e isso é uma vitória”, afirma a mãe.
+ Menino atacado por tigre afirma que pai não teve culpa
O menino faz terapia ocupacional duas vezes por semana para melhorar o condicionamento físico, além de acompanhamento com psicólogos. “O tratamento está indo bem e ele está progredindo a cada dia. Ele não tem mais dores na cicatriz e agora consegue andar melhor. É como se ele tivesse nascido de novo. Agora ele tem duas datas de aniversário. Além disso, criamos um site para que pessoas que tiveram membros implantados e deem dicas a ele”, comenta.
Vrajamany já voltou para a escola e passa o tempo livre mexendo no celular. Destro, ele ainda trabalha para recuperar a escrita. “Ainda não consigo escrever com o braço esquerdo e na escola uso um computador pra ficar mais fácil”, conta.