O que o motivou a se envolver em um projeto de teor assistencial?
Senti que dirigir esse texto me faria muito bem como ser humano. Agora é a segunda parte de uma trilogia escrita por José Scavazini, meu amigo, que foi iniciada com o espetáculo Antes e será encerrada com Depois. Não me interessa dinheiro. São quatro dependentes de drogas que buscam recuperação em uma clínica, uma questão que deve ser discutida e levada a sério.
Como encenar um tema tão pesado sem deprimir o espectador?
Trata-se de uma abordagem difícil. Procurei fugir de qualquer julgamento ou visão maniqueísta. Não coloquei em cena a figura de enfermeiros, por exemplo. É mostrada ali a convivência forçada de um grupo de pessoas. A droga funciona só como o ponto de partida.
A questão social anda esquecida nos palcos?
O teatro tem feito concessões que não admito, pois o público precisa de espetáculos que provoquem a reflexão. Isso é mais importante do que somente a diversão. Escrevi a comédia Trair e Coçar… É Só Começar, que está em cartaz há 28 anos e ainda faz muita gente rir, mas sei que minha função como artista não é só essa. O teatro deve ter comédias, dramas, musicais, tragédias… A importância comum está em trazer questões sociais, mesmo que, com isso, a plateia seja restrita.