Impressionado com o denso conteúdo oferecido em aulas pela internet por artistas como a cineasta Anna Muylaert, o produtor Rodrigo Teixeira e o escritor Marcelino Freire, o ator Lázaro Ramos foi cumprimentar os criadores desses trabalhos quando recebeu de volta o convite para também organizar um curso. Ele aceitou o desafio e, nesta quinta-feira (21) em uma transmissão ao vivo, o intérprete lança oficialmente seu curso on-line de atuação.
São quarenta aulas independentes sobre assuntos diversos e de durações variadas (de 2 a 12 minutos), mas que seguem uma linha lógica, desde a preparação de um currículo até um teste. “Não ofereço soluções definitivas, mas mostro como a dúvida pode ser sempre um fator positivo”, conta o ator, cujo trabalho estará na plataforma Navega, uma iniciativa da produtora de cinema e empreendedora Minom Pinho e de Gabriel Pinheiro, sócio do Centro Cultural B_arco.
Um dos principais pontos tratados por Lázaro é a diferença entre atuar para cinema, teatro e televisão. “Na maioria das vezes, acredito que o personagem é que dita a forma de interpretação e não a forma de divulgação do trabalho”, explica ele, exemplificando com um de seus maiores sucessos: Foguinho, inspirado em um famoso anti-herói (Macunaíma), da novela Cobras & Lagartos. “Era para ser um tipo de personagem, mas logo se transformou em outro.”
Lázaro, logicamente, utiliza seu trabalho como referência nos exemplos apresentados. “Quando o personagem é parecido comigo, sempre busco algo diferente”, explica o ator, que aponta aquele papel que tem mais características em comum com ele: André, do longa O Homem que Copiava (2003), dirigido por Jorge Furtado.
Operador de fotocopiadoras, o rapaz tem a ideia de copiar notas de 50 reais com a nova máquina colorida que chega na empresa. “À parte essa intenção de enriquecer a qualquer custo, ele era muito próximo do jovem que eu era na época, inclusive por ser canhoto, detalhe que passou despercebido”, diverte-se.
Em seu processo criativo, Lázaro revela-se detalhista: está disposto a participar de todos os processos, desde a leitura do texto e as improvisações até chegar à interpretação final. “Tenho uma paixão pelo ofício, que entendo como um trabalho solitário.” Por conta disso, faz questão de frisar, durante as aulas on-line, que não há certezas no ato de atuar.
Por conta disso, na aula sobre estudo de um texto, ele preferiu não seguir o roteiro original, que apontava para uma olhada prévia na história escolhida. “Pedi para a produção escolher um texto que eu não conhecesse a fim de descobrir o caminho da interpretação durante a filmagem”, conta ele, que convidou a atriz Naruna Costa para participar desse exercício.
Juntos, eles construíram uma cena explorando as diversas leituras e interpretações sugeridas pelas falas, a escolha do tom, as diferentes marcações de posicionamento pensando que a cena poderia ser de teatro, cinema ou TV. “Testamos como comédia drama, suspense, foi muito rico.”
Ele gravou todas as quarenta aulas em cinco dias. O curso é vendido no site da Navega por 10 parcelas de 33 reais.