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Maior dinossauro já encontrado chega para mostra inédita no Ibirapuera

Réplica do gigante de 70 toneladas, assim como seu fêmur de 2,4 metros, poderão ser vistos na exposição "Dinossauros - Patagotitan, o Maior do Mundo"

Por Júlia Rodrigues
Atualizado em 8 set 2022, 23h37 - Publicado em 8 set 2022, 21h00
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  • No inverno de 2008, um pastor procurava uma ovelha perdida na província de Chubut, uma zona árida da Patagônia argentina, quando avistou uma protuberância próximo de uma rocha. O achado acidental era, na verdade, o fêmur do maior dinossauro — e maior animal terrestre — já encontrado pelo homem, o titanossauro Patagotitan mayorum. O gigante andou pela região há 100 milhões de anos, com seus quase 40 metros de comprimento e mais de 70 toneladas — peso aproximado de dezoito elefantes.

    Após a descoberta, cientistas do Museu Paleontológico Egidio Feruglio (MEF) acharam mais centenas de restos fósseis nas proximidades, inclusive de outros indivíduos da mesma espécie, o que permitiu reconstituir quase completamente o animal. A réplica do esqueleto do Patagotitan e seu fêmur enorme, que mede 2,4 metros e pesa 550 quilos (acrescentando à lista de recordes o de maior osso já encontrado), assim como outros fósseis desenterrados na Patagônia, estrelam a partir de sábado (10) a exposição Dinossauros — Patagotitan, o Maior do Mundo, no Pavilhão das Culturas Brasileiras (Pacubra), no Parque Ibirapuera.

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    Expor um animal desse tamanho não é tarefa trivial. “O pescoço e o rabo precisaram ser montados como se ele estivesse meio abaixado, para caberem no salão de 6 metros de altura”, diz Júlio César Figueiredo, sócio da Atual Produções, responsável pela exposição. Não há erro factual na solução. O Patagotitan era quadrúpede e herbívoro. O longo pescoço possibilitava que alcançasse plantas altas, mas ele se locomovia com o pescoço mais baixo mesmo. “Era um animal invulnerável. Os dentes eram como rastelos, para que pegasse só as folhas por entre os galhos”, diz Luiz Eduardo Anelli, paleontólogo, professor do Instituto de Geociências da USP e curador da exposição. “Os dinossauros existiram por milhões de anos em um mundo em brutal transformação, com muitos vulcões ativos e impactos de asteroides. Eram ‘superanimais’: tinham respiração sofisticada, cresciam rapidamente. Isso possibilitou que reinassem pelos continentes durante toda a Era Mesozoica”, diz Anelli.

    Técnico de macacão bege deitado ao lado de um fóssil gigante de fêmur de dinossauro
    Técnico ao lado do fêmur do animal: osso de 550 quilos (J.M. Farfaglia/Divulgação)
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    A montagem das réplicas, feitas de resina a partir do escaneamento 3D dos fósseis, foi executada por uma equipe de dez pesquisadores: quatro argentinos, quatro brasileiros e dois britânicos. Levou seis dias para ficar pronta. A dupla da Inglaterra veio a São Paulo justamente aprender a montar o esqueleto, para uma exposição sobre o Patagotitan que vai ocupar o Museu de História Natural de Londres, ainda sem data definida. O Museu de História Natural de Nova York também possui uma réplica do animal no acervo, desde 2016. Mas, após a Austrália, o Brasil é o segundo país a receber a mostra com todas as peças da Patagônia reunidas. Fará a exposição antes do próprio MEF, na Argentina, que está construindo uma nova ala para abrigar o fêmur e outras descobertas.

    Tão difícil quanto a montagem foi a saga para trazer o material paleontológico até São Paulo. A mostra tinha previsão inicial para começar em março de 2020. Suspensa pela pandemia, teve a inauguração remarcada para o último sábado (3), mas voltou a ser adiada. O motivo, dessa vez, foi uma demora do governo argentino (que é o proprietário dos fósseis) para liberar a papelada necessária. “Foi uma gincana, na qual já investimos 7 milhões de reais”, conta Júlio César, da Atual Produções — que também trouxe à cidade o musical sobre a diva Donna Summer, um sucesso de público. “Para transportar as réplicas, usamos quatro caminhões. Agora, estamos esperando os fósseis chegarem (a documentação já saiu e a previsão era que chegassem na quarta (7)). A primeira leva vem em duas caixas, uma delas com espaço exato apenas para o fêmur gigante. Estou aliviado, porque já passaram pela fronteira”, diz o empresário.

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    Além do Patagotitan, a exposição terá mais quinze réplicas de dinossauros. Entre elas está o “brasileiro” Buriolestes schultzi, o mais antigo dinossauro já encontrado, com idade calculada em 233 milhões de anos. O pequeno bípede carnívoro foi descoberto na Formação Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em 2015. A Praça Dinos, que pode ser visitada independentemente da mostra, terá café, áreas instagramáveis com um dinossauro que mexe a cabeça e uma caixa de areia com fósseis de mentira para as crianças brincarem de arqueólogos.

    Fóssil de dinossauro pequeno em cima de uma mesa e iluminado por lâmpadas laterais
    O Buriolestes schultzi: destaque “brasileiro” do evento (Leo Martins/Veja SP)
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    Livre. Pavilhão das Culturas Brasileiras, Parque Ibirapuera. Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº, Vila Mariana, ☎ 3889-6100. Ter. a sex., 10h/19h40. Sáb. e dom., 9h/19h40. R$ 40,00 e R$ 50,00 (crianças até 2 anos não pagam). Até 4/12. @expodinos.

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    Publicado em VEJA São Paulo de 14  de setembro de 2022, edição nº 2806

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