“Eu e Bruno somos como óleo e água. Eu sou completamente agitada e ele é tranquilo, mas temos a lealdade e o companheirismo como elementos muito fortes em nossa personalidade.
Ele, como publicitário, já recusou propostas de trabalho na Inglaterra e na Argentina para ficarmos juntos. Eu me formei em direito, mas depois comecei a trabalhar com publicidade com ele. Primeiro criamos um perfil de decoração — uma das minhas paixões — do nosso apartamento (@apto161) no Instagram. Decoramos todo nosso espaço em parceria com marcas e seguidores começaram a nos perguntar como tínhamos feito isso. Daí surgiu nossa própria agência, a 161 PRO, e não paramos mais.
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Eu conheci o Bruno muito nova, com 13 anos. Ele morava no mesmo condomínio que minha amiga e viu uma foto minha com ela na internet, gostou de mim e pediu meu MSN. Começamos a conversar e o papo durava horas. Nosso combinado era compartilhar com o outro uma música nova todos os dias. Ele queria me ver, mas eu nunca tinha ficado com alguém antes e morria de vergonha de encontrá-lo. Tinha medo de fazer algo errado e ele não falar mais comigo. Era tudo novo para mim. Eu era o tipo de garota tímida e caseira. Enrolei ele por três meses até ser chamada para uma tarde de filmes no condomínio dele. Na pausa, ele avisou que sairia para beber água e eu entendi aquilo como um convite. Demos nosso primeiro beijo e no mesmo dia ele me pediu em namoro. Eu já queria, mas disse que precisava pensar.
Em uma ida ao cinema, ele refez o pedido com um anel provisório, aquele de plástico com formato de diamante que vinha dentro dos pacotes de salgadinhos da época. Era nosso segredo, já que demorei mais alguns meses até ter coragem de contar aos meus pais sobre o relacionamento. Antes das minhas aulas de inglês, ele pedalava quilômetros só para ficar comigo por quinze minutos. A gente fazia de tudo para ficar juntos. Bruno insistia em não namorar escondido e queria conhecer meus pais.
Quando contei à minha família, meu irmão mais novo, ciumento, fez um escândalo e bateu a porta. Engraçado que hoje eles são melhores amigos.
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Conversávamos tanto que passávamos do limite. Bruno gastava todo o salário do estágio do banco em que trabalhava para pagar a conta de telefone.
Na mesma época descobri que tinha uma doença rara no meu olho direito chamada prolapso uveal, semelhante a um cisto. Confirmei com o Bruno se ele realmente queria ficar comigo mesmo com o diagnóstico. Médicos acharam que poderia evoluir para um câncer, e eu não queria que ele sofresse comigo. Eu me sentia culpada, mas ele respondeu que não existia a possibilidade de me deixar. Comecei a ter vergonha de olhar as pessoas nos olhos e de aparecer em fotos. Foram treze anos passando por médicos aqui e no exterior. Bruno me acompanhou durante toda a procura, até 2019, quando finalmente fiz minha cirurgia.
Nós dois criamos nosso plano de vida juntos desde o começo. Ele me pediu em casamento de forma simbólica aos 19 anos, quando eu estava começando a faculdade. Na época ainda não tínhamos grana para ter nossa casa.
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Quando completamos dez anos de namoro, Bruno fez uma reserva no Ruella Bistrô, na Vila Olímpia, e me pediu para ir bem-arrumada. Sem eu saber, ele comprou as alianças e falou com nossos pais antes de fazer o pedido oficial. Para mim, casar com ele sempre foi algo certo, mesmo com amigos dizendo que eu era muito nova. Nossa primeira viagem sozinhos foi nossa lua de mel para a Grécia. Descobrimos a vida adulta juntos depois do matrimônio e sou grata ao Bruno por ter me tornado a pessoa que sou hoje.”
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Publicado em VEJA São Paulo de 20 de outubro de 2021, edição nº 2760