Destaque nos programas da tarde e expert em sabonetes artesanais, Peter Paiva, 42, notou o aumento na audiência das suas redes sociais durante toda a pandemia. “O ‘faça você mesmo’ está bombando e agora é muito forte a vontade de estar bem dentro do lar”, explica. Seja para renovar objetos em casa ou descobrir uma técnica de artesanato que possa virar fonte de renda, os canais de customizações são sucesso na quarentena.
“Depois de uma semana fazendo faxina nas gavetas, eu mesmo comecei a transformar meu lavabo, a sala de jantar e até fiz uma pintura personalizada da geladeira no meu cenário. Sempre com materiais que já tenho”, diz ele, com 490 000 inscritos no YouTube.
Para quem tem vontade de estilizar roupas, móveis e outros pertences por conta própria, a primeira dica dos youtubers custom, como são chamados, costuma ser sempre esta: comece com o que já tem em casa. “Caixas, garrafas, vidros, potes de sorvete, tudo pode servir para ganhar uma nova utilidade”, exemplifica Dany Martines, que produz um canal de DIY (faça você mesmo, em inglês) com o marido e tem quase 3 milhões de inscritos.
“A primeira fase da pandemia teve pais procurando coisas para fazer com os filhos, então partimos para a confecção de brinquedos caseiros.” Um ano depois, o casal percebeu aumento no interesse por itens para vender, como bolsas e materiais escolares. No canal de Caio Victor, 33, as customizações são voltadas para um item que caiu em desuso entre os quarentenados: os pares de tênis. “Tenho milhões de visualizações, mas no meu caso a audiência caiu”, lamenta. “Mesmo assim, continuei a incentivar essa atividade para as pessoas se ocuparem e terem um momento com elas mesmas.”
Em seu acervo, os tutoriais incluem até um tênis com luz de LED. “Ao procurar a bateria certa, vários vendedores falaram que eu não conseguiria fazer, mas deu certo!” “Tenho o sonho de customizar um avião, mas a criatividade em coisas simples é bacana também”, reflete Fabio Nakano, 35, dono do canal Naka, voltado para chuteiras, videogames e eletrônicos.
Formado em design digital, Naka ressalta que a bagunça e mão na massa fazem parte da experiência. Mas, para evitar acidentes, entender quais são os materiais adequados para o trabalho é essencial. “Uma vez um amigo quis que eu customizasse seu iPhone 11 novinho. Depois de passar o spray, a tinta começou a escorrer no aparelho inteiro! Tive de lixar, mas consegui salvar e ficou bem legal no final”, comemora.
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Publicado em VEJA São Paulo de 07 de abril de 2021, edição nº 2732