Os norte-americanos do Cake não são novatos em terras brasileiras. Atualmente formada por John McCrea, Vince DiFiore, Xan McCurdy, Gabriel Nelson e Paulo Baldi já veio ao país algumas vezes, a última em 2005, quando fez shows em Porto Alegre, Goiânia, São Paulo e Curitiba. Famoso por aqui com Never There e a versão da icônica I Will Survive, imortalizada na voz de Gloria Gaynor, o grupo se apresenta na sexta (29), primeiro dia do Lollapalooza, no Jockey Club, onde também deve executar canções do disco mais recente, Showroom of Compassion (2011). Apesar de fazer segredo sobre o repertório, em entrevista, o vocalista, John McCrea prometeu um show para entrar na memória dos fãs da banda.
VEJA SÃO PAULO — Você afirmou que, no início da carreira do Cake, a banda não gostava muito de se apresentar em festivais. Isso mudou?
John McCrea — Com certeza mudou. Eu particularmente odiava festivais, pois os organizadores estavam mais interessados em fazer dinheiro do que oferecer bons shows ao público. Não havia qualquer preocupação com a curadoria, com a seleção das bandas e com a infra-estrutura. Acho que hoje a coisa é outra. Os festivais podem ser realmente muito bons, a exemplo do Lollapalooza.
O que as pessoas podem esperar do show no festival?
O Cake não usa um set list. Ainda não temos certeza do que vamos tocar. Essa incerteza é o que faz nosso trabalho melhor, e particularmente, me mantém vivo. O inesperado é nosso melhor estimulante.
Você já veio várias vezes ao Brasil. Do que mais gosta daqui?
Acho que é a quinta vez que vou ao Brasil. Lembro de ter ido uma vez sem os demais membros da banda. Eu gosto muito das pessoas, da cultura e da música. A tradição de vocês é muito forte e a música é uma das melhores do mundo. É interessante, pois isso não pode ser dito sobre todos os países. Minhas experiências aí sempre foram muito positivas. As pessoas são muito calorosas. Elas partem da ideia de que você é uma boa pessoa, e de que não há uma razão em especial para ser gentil com você. Isso não acontece em todos os lugares. Particularmente aqui nos Estados Unidos, especialmente depois do 11 de Setembro… muita coisa mudou. Vivemos numa cultura de medo que cria monstros. As pessoas têm dificuldades de criar vínculos.
E da música brasileira, o que você mais gosta?
Gosto muito de Gal Costa, Caetano Veloso e Tom Zé. A música brasileira é tão boa que vocês não precisam de qualquer outra. Mas o que acho mais interessante é o fato de a melodia ser livre. Nos Estados Unidos e na Inglaterra, fazer música é algo mais cerebral. O processo de composição exije um pragmatismo que eu considero até antinatural. Vocês, brasileiros, não sentem qualquer embaraço em fazer de uma simples melodia a música em si. Na música brasileira, melodia não é um crime.
Você mencionou Tom Zé, com quem o Cake gravou uma faixa. Quando pretendem lançá-la?
Ainda estou trabalhando nessa faixa, mas não tenho nenhuma pressa em lançá-la. Eu estou muito ocupado mixando um álbum que gravamos ao vivo, Live at the Crystal Palace, em 2005, em Bakersfield. Também estou trabalhando com os demais membros da banda para um novo álbum de estúdio. A ideia é lançá-lo ano que vem.
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