O suspense passou a ser um dos ingredientes da noite paulistana. Para atrair a curiosidade do público, organizadores fazem segredo quanto ao endereço de baladas. É o caso do aniversário de treze anos do clube D-Edge, na Barra Funda, que no próximo sábado (25) terá atrações como os músicos Nicolas Jaar e Jamie Lidell.
Durante mais de dois meses, uma aura de mistério pairou sobre o local. “Foi divertido ver as pessoas especularem”, diz o dono Renato Ratier, que abre o jogo com uma semana de antecedência: será no Grand Metrópole, no centro. A mania de despistar os frequentadores remete às raves realizadas nos anos 90 em sítios sem autorização de órgãos oficiais; a surpresa era uma estratégia para burlar a fiscalização.
Outra inspiração vem da Europa, com as squat parties em casas e galpões abandonados de Berlim e de Londres. Por aqui, a pioneira é a Voodoohop, festa itinerante criada em 2009 e famosa pelas performances artísticas. Em décadas passadas, panfletos distribuídos na rua divulgavam o local; hoje, a disseminação é digital. Geralmente os anúncios ocorrem em um site oficial ou no Facebook, mas outros meios também são utilizados.
Criada no ano passado, a FreeBeats já foi realizada no Minhocão e na antiga sede do Masp, no centro. Neste domingo (19) terá mais uma edição, em “uma praça na Vila Madalena”. Para saber o ponto de encontro exato, é preciso enviar um e-mail (veja o endereço ao lado) e torcer para receber, na véspera, a confirmação de presença. “A ideia é ser criativo e buscar novos espaços para surpreender”, diz Rizza Bomfim, uma das organizadoras. Em abril, o público da Rebel Bingo só descobriu para onde deveria se dirigir poucas horas antes do evento, após receber mensagens de texto no celular.
Neste sábado, o after-hours eletrônico Después de Las “Huéras” ocorre em uma “casa no Morumbi”: rua e número foram mantidos em sigilo. Outras que também investem neste modelo são a Gop Tun, a Edi Rock in the House e a Rock Stars. Pelo jeito, o improviso veio para ficar.