Desde o começo da Copa, os times de Brasil e Argentina vêm sendo bastante comparados, não apenas pela grandeza das duas seleções e a velha rivalidade na bola. Ambas as equipes até agora apresentaram um futebol fraco, até mesmo irreconhecível tendo em conta a beleza e tradição dessas escolas, fracassaram coletivamente e dependeram de lampejos de seus craques, Neymar e Messi. Depois do jogo da tarde desta terça (1º) na Arena Corinthians, esse tipo de análise será ainda mais frequente. A exemplo dos hipersensíveis atletas de Felipão, os hermanos sofreram muito para avançar nas oitavas, com a diferença que evitaram a tortura dos pênaltis com um gol de Di Maria aos 14 minutos do segundo tempo da prorrogação, depois de passe de Messi (sempre ele). Os quatro minutos seguintes merecem entrar para a já farta antologia de momentos dramáticos deste Mundial. Teve de tudo nos acordes finais do drama portenho, incluindo uma voadora do goleiro suíço em plena área adversária, uma bola na trave de Romero aos 16 minutos e uma falta frontal na entrada da área argentina aos 18 minutos. A cobrança, porém, foi desperdiçada com um chute contra a barreira.
Com muitas perucas azuis, uma revoada de camisas de Messi e até um boneco de Olinda com a cabeça de Maradona, cerca de 7 500 argentinos invadiram a Arena Corinthians para a batalha das oitavas de final. Pareciam estar em maioria no estádio com capacidade para mais de 60 000 pessoas, tamanho o barulho que faziam antes do jogo, com seus cantos e bumbos, transformando o Itaquerão em uma espécie de sucursal de La Bombonera, a mítica casa do Boca Juniors. Nas arquibancadas, pequenos bolsões vermelhos de suíços estavam sitiados em meio ao mar azul. No início da partida, porém, os suíços ganharam o reforço da torcida brasileira, que chegou a gritar “olé” em vários momentos da partida nos avanços do time de Ottmar Hitzfeld. No primeiro tempo, os europeus perderam uma chance sensacional de sair na frente, quanto o atacante Drmic, cara a cara com Romero, errou bisonhamente na tentativa de encobrir o goleiro, praticamente atrasando a bola para ele.
Graças ao sorteio de chaves, o caminho da Argentina até uma final é bem mais ameno que o do Brasi. Se passarmos por Colômbia, teremos pela frente França ou Alemanha. A turma de Messi, por sua vez, pega Bélgica ou Estados Unidos nas quartas e, se vencer, provavelmente medirá forças com a Holanda na semifinal. A exemplo do Brasil, não dá para apostar se eles serão mesmo capazes de chegar vivos ao Maracanã no próximo dia 13. Apesar de ser difícil fazer prognósticos na mais imprevisível das Copas, é possível que os deuses do futebol estejam tentando nos dizer com tantas coincidências que nos aguarda no Rio de Janeiro uma final inédita entre esses dois grandes rivais. Aí, como diria Galvão Bueno, haja coração!