Mesmo numa região conhecida por reunir alguns dos pontos de venda mais sofisticados da cidade, a Casa Bauducco, aberta pela empresa no mês passado no cruzamento da Alameda Lorena com a Rua Haddock Lobo, chama atenção. A construção de 70 metros quadrados foi decorada no estilo vintage, com muitas prateleiras de madeira, de forma a lembrar o primeiro armazém da marca na cidade, inaugurado em 1952 no bairro do Brás. O novo empreendimento é uma combinação de empório e cafeteria.
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Seu carro-chefe, naturalmente, são os panetones, em seis versões (a top, de 1 quilo, custa 47 reais,leva uva-passa, damasco e ameixa e é produzida de modo artesanal). Exclusivos do endereço, esses artigos estarão disponíveis durante o ano inteiro, e não apenas no Natal. Há também por lá outras guloseimas, a exemplo de brownies, pães de mel e focaccias. “Aqui só entram mercadorias com receitas rebuscadas e únicas”, diz Paulo Cardamone, diretor-geral da Casa Bauducco. No fim deste mês, ele pretende abrir um empreendimento semelhante no Shopping Eldorado.
Esse modelo de negócio surgiu no exterior no fim da década de 80 e começou a se popularizar na cidade nos últimos anos. Os estabelecimentos do gênero são batizados de lojas-conceito, ou flagships (nau capitânia, em português), uma referência ao seu espírito comercial: transformar o ponto na vitrine de uma marca em determinado território. Assim como ocorreu com a Casa Bauducco, as empresas elegeram os Jardins para concentrar suas principais iniciativas com esse perfil. Somente neste ano apareceram por ali oito dessas lojas.
Entre os investimentos mais recentes, encontra-se o da Kibon, que inaugurou em outubro um espaço exclusivo para oferecer os produtos da Magnum, sua linha premium de sorvetes. Os visitantes podem optar por completar o picolé com quatro tipos de chocolate e vinte ingredientes para formar a cobertura, com preço unitário de 9 reais.
As lojas-conceito começaram a invadira região em 2005, após a chegada da flagship da Melissa. Ela funciona como uma espécie de galeria: cada artista que cria as coleções de calçados assina, também,uma intervenção na fachada do ponto. Quatro anos depois, foi a vez de a Alpargatas investir num negócio semelhante para as Havaianas. Desenhado pelo arquiteto Isay Weinfeld, o prédio de 300 metros quadrados apresenta todos os modelos de chinelos disponíveis no mercado.“Essas marcas aumentaram muito seu poder de alcance quando abriram instalações elegantes nos Jardins”, afirma Daniella Giavina-Bianchi, da consultoria Interbrand.
Em alguns casos, a proposta de fazer do estabelecimento um cartão-postal da companhia é tão radical que não há sequer a venda de produtos nesse lugar, como ocorre na loja da Citroën, que funciona desde abril na Rua Oscar Freire.
Num edifício de três andares, inteiramente envidraçado, são exibidos os principais produtos da marca francesa, com destaque para os lançamentos e os protótipos.Na semana passada, por exemplo, a estrela do pedaço era o carro-conceito Survolt, mostrado anteriormente no Salão do Automóvel. Trata-se de um esportivo luxuoso 100% elétrico, com portas que se abrem para cima, faróis de LED e um visual que lembra o Batmóvel. Quem se interessar por um modelo do fabricante pode customizar ali o seu bólido. Munidos de iPads, os atendentes apresentam na tela as diversas alternativas. Dá para escolher cores, adesivos, estilo da roda e de bancos, entre outros detalhes. A encomenda é enviada à concessionária mais próxima da residência do proprietário e um vendedor se encarrega de fechar o pedido.
Essa loja-conceito abriga ainda um bistrô, comandado pelo chef Marcelo Gussoni. Todos os dias, ele oferece uma massa e um risoto diferentes no cardápio, além de croissants e profiteroles para a sobremesa. “A flagship é nossa grande vedete”, explica Nivea Ferradosa, diretora de marketing da Citroën. “Procuramos atrair as pessoas que só costumam frequentar as lojas de veículos quando precisam trocar de carro.”