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Saquê: mitos e verdades sobre o fermentado japonês

Saiba por que os especialistas não recomendam colocar sal na borda do copo e outras curiosidades

Por Sophia Braun
Atualizado em 20 jan 2022, 09h57 - Publicado em 30 set 2011, 21h37
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  • A culinária japonesa, principalmente no que diz respeito a sushis e sashimis, conquistou grande popularidade em São Paulo. A paixão dos paulistanos pelas receitas orientais é tamanha que os restaurantes típicos na cidade concorrerem em número de casas de igual para igual com as tradicionais churrascarias. E quando duas culturas tão diferentes se encontram à mesa, é tanto possível quanto provável que alguns costumes se transformem, dando espaço a novos sabores, misturas, receitas. As temakerias, inventadas em São Paulo e difundidas pelo Brasil, são um bom exemplo.

    + Confira: tudo (ou quase) sobre saquê

    O modo de degustar o saquê também foi reinterpretado pelo brasileiro. Aqui a bebida é servida com sal, ao contrário de como é feito no Japão. “É difícil saber como surgiram esse e outros hábitos”, diz Yasmin Yonashiro, especialista na bebida. “Mas não podemos dizer que são errados. Eles fazem parte da nossa cultura.”

    Entenda abaixo por que os especialistas não recomendam colocar sal na borda do copo e conheça outros traços do universo do saquê que foram “abrasileirados”:

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    ■ Sal na borda do copo

    Apesar de não haver relação com a moda brasileira — Yasmin afirma que não se sabe como surgiu a ideia de associar sal à degustação da bebida —, o saquê já foi consumido com sal no Japão. “Durante a II Guerra Mundial, a produção da bebida foi prejudicada, o que afetou a sua qualidade”, diz a sommelière. “O sal era usado como alternativa para evitar o gosto ruim do saquê.” O ingrediente, porém, é um condimento poderoso: em grande quantidade, impregna o sabor dos alimentos. Com o saquê não é diferente. Ao longo do último século, o fermentado de arroz foi aprimorado e atingiu diferentes graus de refinamento e complexidade. O tempero camufla, portanto, seus diversos aromas e sabores. Sinal vermelho para o sal.

    ■ Copo quadrado?

    No Japão, o saquê costuma ser tomado em copinhos de cerâmica (choko). Aqueles que usamos por aqui, quadrados e achatados (massu), são, na verdade, próprios para cerimoniais e também uma forma de medida. Uma opção recomendada é apostar em taças de cristal, como faz Yasmin. “A bebida é valorizada, tanto em relação ao sabor, quanto ao aroma, e fica mais fácil perceber as diferenças entre cada tipo de saquê”, explica.

    ■ Casamento infeliz

    Assim como o vinho, o saquê deve ser harmonizado com a comida. Mas ao contrário do que muitos possam pensar, ele não vai bem com sushi. “Não se recomenda principalmente porque os dois são feitos de arroz. Seria uma redundância de sabores”, explica a expert Ana Toshimi Kanamura.

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    ■ Sem desperdício

    É muito comum deixar transbordar saquê no momento de servir. Mas essa “tradição” que construímos não faz parte do ritual. “O japonês não desperdiça nada, nem um grão de arroz”, diz Yasmin.

    ■ Quentinho também vai bem

    No Brasil, devido às altas temperaturas, é muito comum tomar o saquê um pouco mais frio, quase gelado. Talvez por isso pouca gente conheça a versão quente. “Trata-se de uma bebida versátil, que pode ser degustada de 5º C a 55º C, dependendo do rótulo”, diz Yasmin. “Ao aquecer o saquê, parte do álcool tende a evaporar, o que intensifica o sabor do arroz.” A bebida quente vai bem em dias frios — e vice-versa —, mas é preciso tomar cuidado para escolher um rótulo que permita elevar a temperatura sem alterar suas propriedades. Nestes casos, os ditos superpremium não costumam ser recomendados.

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