Sem nenhum aviso, o restaurante Gigetto deixou de funcionar neste início de 2016. Quem aparecer no número 686 da Rua 13 de Maio, no Bixiga, encontrará o imóvel fechado e sem qualquer comunicado ao público.
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A empresária Ana Paula Lenci, porta-voz do restaurante italiano e mulher do proprietário Henrique Lenci, confirma o fechamento do estabelecimento. Ela afirma estar em negociação para a reabertura da casa, mas não dá nenhuma previsão.
O restaurante chegou a servir as ceias de Natal e de Ano-Novo, porém não deu mais expediente de maneira regular neste começo de ano. Segundo vizinhos da cantina, Ana Paula esteve no endereço para recolher alguns pertences.
A casa foi fundada em 1938 e fazia parte da lista dos restaurantes mais antigos da cidade ao lado dos italianos Carlino (1881) e Capuano (1907), do Sujinho (1921), da pizzaria Castelões (1924), do Rei do Filet (1929) e do francês Freddy (1935).
CRISE
Em abril de 2015, a coluna Terraço Paulistano publicou uma nota sobre a crise na cantina. Funcionários reclamavam da ausência de repasse de gorjetas e de atrasos no pagamento de salário. Queixas de empregados originaram um processo coletivo no Tribunal Superior do Trabalho movido pelo Sinthoresp, sindicato da categoria.
De aconrdo com ex-funcionários e pessoas próximas à casa, o Gigetto passava por problemas financeiros. A transferência de endereço e a abertura de uma filial em Moema — que durou menos de um ano — teriam trazido dívidas aos donos.
“Esses dois últimos anos pegaram eles na contramão. Acabaram de mudar de endereço, investiram bastante, e o mercado de restaurantes deu uma retraída”, palpita Vittorio Lorenti, sócio da Basilicata. A tradicional padaria forneceu pão italiano até o início de janeiro para o Gigetto.
No ano passado, a informação de que o Gigetto estava à venda circulou pelo mercado. O empresário Daniel de Oliveira, da cantina Montecchiaro, cogitou mudar seu restaurante para o endereço da 13 de Maio. “Eu ouvi de terceiros que ela [Ana Paula] estava querendo vender a casa. Tentei falar com ela, mas não fui atendido”, diz o empresário. “Acabei desistindo.”
Surgido na Avenida Rio Branco, o Gigetto mudou-se para a Rua Nestor Pestana em 1949. Ali permaneceu por quase duas décadas até migrar para a Rua Avanhandava, onde funcionou durante 44 anos. A casa se manteve na Rua 13 de Maio entre outubro de 2013 e janeiro de 2016.
Ícone do cardápio, o capelete à romanesca, com creme de leite, cogumelos, ervilha e presunto, foi criado pelo italiano Giovanni Bruno (morto em 2014) quando ele era garçom do restaurante e ficará na memória dos ex-clientes, esperançosos de uma possível reabertura.