Em plena era das salas de cinema 4D e filmes Imax, um século depois dos anos dourados do cinema mudo, o maestro carioca Marcelo Falcão, 39, lota sessões como antigamente: com longas-metragens clássicos na tela e música ao vivo.
“Esse projeto começou quando conheci o pianista Hans Brandner e juntos resgatamos a trilha sonora original de Nosferatu (1922). No fim de 2018, surgiu uma oportunidade de montarmos uma orquestra dentro do cinema Babylon, em Berlim”, conta Falcão, que morou na capital alemã entre 2008 e 2022, onde se formou em musicologia e história da arte pela Universidade Humboldt.
“A ideia era fazermos dez concertos no começo de 2019. Com o sucesso, os dez viraram quase cinquenta apresentações no ano, esgotadas”, conta.
Desde então, o maestro rege espetáculos de filmes como O Gabinete do Dr. Caligari (1920), O Encouraçado Potemkin (1925) e Metrópolis (1927).
De volta à sua cidade natal, o maestro tem planos para o Brasil, que começam com quatro concertos em São Paulo na próxima semana, no Theatro São Pedro.
“Vamos apresentar Metrópolis, junto com a orquestra do teatro, como nos anos 20: sem nenhum tipo de click, só a partitura original e o filme rodando”, diz ele, que sonha em criar uma orquestra brasileira de cinema mudo.
“Estou esperando o momento certo. A ideia é, com uma orquestra própria, rodar por outros lugares. São Paulo é uma cidade que teria suporte para sediar quatro, cinco filmes por ano. Comédias, longas nacionais, tem muita coisa legal que podemos fazer com o renascimento desse tipo de arte”, conta.
Theatro São Pedro. Rua Barra Funda, 171, Barra Funda, ☎ 3221- 7326. ♿ Qui. (29), sex. (30), sáb. (1º), 20h. Dom. (2), 17h. R$ 30,00. Livre. theatrosaopedro.org.br.
Publicado em VEJA São Paulo de 28 de junho de 2023, edição nº 2847