Filme de Natal estrelado por Leandro Hassum mostra que é possível ser clichê e surpreender
'Tudo Bem no Natal que Vem' acompanha Jorge, um ranzinza que odeia a comemoração
Faz parte do clima ranzinza que uma considerável parcela do público entre no fim de ano torcendo o nariz para os (muitos) filmes de Natal que ganham as plataformas de streaming. Num ano doloroso como 2020, seria ainda mais compreensível a dificuldade de acessar as mensagens otimistas dos longas natalinos.
Pois é justamente agora, quando até a piada do pavê está dando saudades, que a produção nacional Tudo Bem no Natal que Vem está alcançando sucesso estrondoso. No topo da lista dos mais assistidos no Brasil (e com excelentes números na Alemanha, no México, na França e na Espanha), a obra é estrelada por Leandro Hassum, o deliciosamente humano protagonista Jorge.
Por fazer aniversário no Natal — e depois de adulto enfrentar com boa dose de realismo a maratona de compras, o trânsito e as desavenças familiares típicas da ceia — Jorge é do time ranzinza de carteirinha, odeia Natal. Em 2010, depois de se vestir de Papai Noel e sofrer um acidente, ele passa a viver num looping temporal. Todo dia 24, ele acorda sem se lembrar do ano que passou, para depois acordar no dia 24 do ano seguinte.
A comédia e as caras e bocas estão lá, claro, mas é a carga dramática que surpreende. Ao olhar em retrospecto tantas escolhas impensadas que tomamos e qual será o impacto no futuro de momentos simples, fica difícil segurar as lágrimas e não esperar o Natal de 2021 com mais afeto. Netflix.
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Publicado em VEJA São Paulo de 23 de dezembro de 2020, edição nº 2718.
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