Dez anos depois do inesquecível filme Intocáveis, o ator Omar Sy surge na série Lupin com talento e carisma multiplicados por dez. Não se trata só de uma figura de linguagem. Nos cinco episódios da primeira temporada que está bombando na Netflix, seu personagem, o imigrante senegalês Assane Diop, que ganha a tela como um faxineiro do museu do Louvre, vai ainda aparecer como um ricaço comprador de relíquias, um rapaz da TI, um presidiário…
A versatilidade, mérito de Sy, também ganha contornos de crítica social ao destacar como um homem negro pode ser invisível para grande parte da sociedade. Não espere, porém, uma trama politicamente correta. Tudo começa com um plano ousado de roubar um colar de diamantes que foi de Maria Antonieta e seria leiloado por milhões de euros. O ritmo alucinante pode sugerir que o sucesso improvável será alcançado, mas no lugar dele aparece uma história de vingança pessoal, corrupção e até jornalismo investigativo. A ficção policial inspirada no escritor Maurice Leblanc (1864-1941), criador do ladrão Arsène Lupin, que dá nome à obra, não é verossímil (nem precisa ser). A cada nova descoberta de seu passado fica difícil não torcer para o ladrão. E isso basta.
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Publicado em VEJA São Paulo de 27 de janeiro de 2021, edição nº 2722