Duas novas atrações na Netflix estão dividindo opiniões. Os 7 de Chicago, sobre um julgamento histórico ocorrido na década de 60, vem sendo atacado de “formal”, “burocrático” e “arrastado” – alguns adjetivos que os detratores estão usando. Não concordo. Acho um filme com uma narrativa fluente e me interessei muito pela história, praticamente ambientada dentro de um tribunal. Também está colhendo opiniões distintas a minissérie espanhola Alguém Tem que Morrer. A única coisa que concordo com as críticas negativas é que ela é curta. Os três episódios poderiam muito bem ser estendidos numa temporada mais longa. Confira abaixo as minhas opiniões.
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Os 7 de Chicago > “Os 7 de Chicago” foi como ficou conhecido o grupo de ativistas que articulou um protesto contra a Guerra do Vietnã, durante a Convenção Nacional do Partido Democrata, em 28 de agosto de 1968. O longa-metragem, porém, mostra apenas em flashbacks como se deu a ação nas ruas, que culminou com uma truculenta batalha entre os manifestantes e a polícia. O interesse do diretor e roteirista Aaron Sorkin (de A Rede Social e Steve Jobs) está, em suma, no julgamento dos réus — um joguete de cartas marcadas com um juiz (Frank Langella) nada favorável à absolvição. Cinco décadas depois, a história continua bastante atual porque toca no ataque à democracia, tema corriqueiro nos dias de hoje não só nos Estados Unidos de Trump como no Brasil de Bolsonaro. Com agilidade e diálogos bem articulados, o filme também traz atuações exemplares de Mark Rylance (o advogado), Sacha Baron Cohen (pincelando o drama de humor), Eddie Redmayne (dono da brilhante cena final) e Yahya Abdul-Mateen II, um dos líderes dos Pantera Negras que, injustamente acusado, tem os melhores momentos de revolta no tribunal.
Alguém Tem que Morrer > Com apenas três episódios, a minissérie é a nova criação de Manolo Caro, o mesmo de A Casa das Flores, também disponível na Netflix. A trama se passa na década de 50, durante a ditadura de Francisco Franco. Depois de viver dez anos no México, Gabino (Alejandro Speitzer) regressa à mansão de campo de sua família. O jovem chega à Espanha acompanhado de Lázaro (Isaac Hernández), um bailarino mexicano que é apresentando aos parentes como um amigo. Quase todos recebem o estranho com desdém, afinal suas roupas e os sapatos baratos, além dos modos pouco refinados, não condizem com a vida sofisticada dos ricos. A pior recepção vem da matriarca, a severa dona Amparo (Carmen Maura), que tem uma relação conflituosa com o neto. Na duração de um longa-metragem, o bom novelão aborda a repressão à homossexualidade e a perseguição política na época de Franco. Mostra também como as aparências enganam, seja na orientação sexual, seja na (má) conduta dos personagens. Em sua reta final, o criador parece querer apressar um roteiro que tinha fôlego para conteúdo graúdo e, com um desfecho abrupto, deixa a atração com gosto de quero mais.
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