Até mesmo por telefone, é difícil entrevistar Ivete Sangalo. A baiana não para, mas é de uma gentileza ímpar quando você consegue uns minutinhos com ela. Falei com Ivete logo após a pré-estreia do desenho Aviões, em Salvador. Ela dubla uma das personagens. Me atendeu do celular, dentro do carro e acompanhada de Marcelo, seu filho de quase quatro anos.
Como foi a experiência de dublar um desenho pela primeira vez? A Disney me convidou porque eles tinham um aviãozinho brasileiro no desenho. Queriam alguém com o meu perfil porque me comunico com muitas nações – e isso é fato, eu viajo muito. A personagem chama Carolina, mas eu fiz questão que ela fosse uma baiana.
Demorou muito o trabalho? Não tive dificuldade porque fazer dublagem é tudo muito musical, muito ritmado. Eles pediram dois dias, com diária de quatro horas. Acabei fazendo em um dia e em apenas uma hora (!). Além da brasileira, fiz também a dublagem em espanhol. Nesta versão, sou a Raquel, hablo en español, pero soy brasileña.
Gostei de te ver na TV como atriz, fazendo Maria Machadão em Gabriela, e num episódio de As Brasileiras. Tem vontade de seguir na carreira de intérprete? Estou muito a fim de fazer cinema (!), quero voltar atuar, sim. Quando a gente tem um tino e é bem dirigido, é muito bom. Eu sou meio crítica de cinema, não como você, mas no meu olhar. Ao ver um filme, sempre noto, além dos atores, a direção. Um diretor pode destruir a reputação de um Robert De Niro, por exemplo.
O cinema, então, seria o caminho a seguir? Ao contrário de uma novela, no cinema, eu posso discutir uma agenda e me organizar melhor. Não acho que eu tenha um bom olhar para analisar um roteiro, preciso antes estudar. Mas não penso em fazer algo ligado às minhas raízes, não. Adoro e queria fazer algo com humor porque acho que tenho uma veia para isso. Por outro lado, queria algo bem diferente da minha personalidade, sobretudo para ver como me comporto.
Faria um filme sobre sua vida, como 2 Filhos de Francisco? Não. Se eu fizer um paralelo com a história de Zezé e Luciano, eles sofreram muito na infância. Eu não fui uma menina pobre, não sofri, estudei em escolas boas e as dificuldades que tive na minha carreira foram comuns. É uma linda história, mas não a ponto de virar um filme.
Vejo bom senso na sua resposta porque um filme sobre Ivete Sangalo atrairia multidões aos cinemas. Olha, teria que ser uma coisa muito bem pensada para não usar a minha popularidade só para ganhar dinheiro. Imagine: se eu fizer um filme chamado As Aventuras de Ivetinha, seria um grande sucesso, mas não é isso que eu quero.
Tem tempo de ver filmes com seu filho? Oxente, é claro que tenho. Fim de semana, à tarde, por exemplo. No meu prédio, tem um cinema, pegamos a pipoca e descemos para ver o filme. Em casa, coloco desenhos que eu já vi, tipo os do Pica-pau. Mas o que nós amamos mesmo é Wall-E e Procurando Nemo. Wall-E não tem muito diálogo e, mesmo assim, nós adoramos. Nemo é a reunião de tudo que um filme precisa. Mas o Marcelo não é como as outras crianças que tem necessidade de ver um filme um milhão de vezes. Ele não tem fixação em nada.
E os filmes da Xuxa, ele vê? Marcelo tem um convívio intenso com a Xuxa e, por isso, ele gosta mais dela pessoalmente. Xuxa brinca, corre, faz as maluquices dela e tem um domínio incrível sobre ele. Ela faz tudo o que ele quer. Quanto aos vídeos, ele mais dança do que assiste.
Você se refere aos videoclipes e não aos filmes da Xuxa, então? É verdade. Os filmes dela, ele não vê, não. Gosto também de mostrar desenhos estrangeiros, em outras línguas, para ele. Pingu, por exemplo, ele ama.
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