Vi Amor, o drama do diretor Michael Haneke que, surpreendentemente, conquistou cinco indicações ao Oscar e estreia na próxima sexta-feira. Trata-se de um trabalho emocionalmente devastador, em que o cineasta austríaco mostra, sem aparar arestas, o definhamento físico de uma velhinha (a esplêndida Emmanuelle Riva, na foto abaixo) por causa de um derrame.
Enquanto assistia ao filme, tive uma sensação de déjà vu. Não demorou muito para lembrar onde havia visto história tão parecida. Foi em outubro do ano passado, durante a Mostra Internacional de Cinema. Entrei de bobeira na sessão de Aos 80 e saí arrasado – quase o mesmo sentimento que me provocou Amor.
Vamos às coincidências. Em ambos os longas-metragens, o casal de protagonistas está na casa dos 80 anos, a mulher está doente (em Aos 80, ela tem um câncer terminal), o estado de saúde dela piora conforme o tempo passa e o desfecho é (quase) exatamente o mesmo.
O mais estranho: ambas as produções são dirigidas por austríacos. Aos 80, com Christine Ostermayer (na foto abaixo), estreou em 30 de dezembro de 2011 em seu país de origem. Amor teve sua primeira exibição no Festival de Cannes em 20 de maio de 2012, de onde saiu com a Palma de Ouro.
É uma pena que Aos 80 passou discretamente pela Mostra e não tenha (ainda) sido comprado por uma distribuidora brasileira. Embora com uma segunda metade tão triste quanto à de Amor, o filme começa deliciosamente como um romance entre octogenários e aborda, inclusive, o sexo na terceira idade.