Espionagem costuma render boas ficções cheias de romance, estratégias mirabolantes e teorias da conspiração a ser desvendadas. Para os fãs do gênero, a emoção só aumenta quando os relatos são reais — caso da série documental O Arsenal dos Espiões (2021), original da Netflix. Baseada no livro Spycraft, de Robert Wallace, H. Keith Melton e Henry Robert Schlesinger, ainda sem edição em português, a primeira temporada inclui oito episódios, todos com menos de quarenta minutos.
Na primeira parte, “Vigilância de Última Geração”, os aparelhos de escuta são o foco. Na I Guerra Mundial, por exemplo, a tecnologia de ponta eram microfones direcionados gigantes que podiam escutar aviões a quilômetros de distância. Parece piada perto dos radares e câmeras de longo alcance de hoje, mas só mostra que a tecnologia avançou — a gana de obter informações para conseguir vantagens, porém, nem tanto. Numa das passagens mais curiosas, descobre-se que o serviço de inteligência da Checoslováquia nos anos 70 conseguiu colocar uma escuta nos sapatos do embaixador dos EUA.
Há trechos dramatizados com trilha sonora de suspense, mas os comentários de técnicos aposentados da CIA, como Ray Parrack, são mais emocionantes. Venenos mortais, criptografia e sexo como arma de sedução e persuasão são outros temas abordados — capazes de atiçar algumas paranoias. Será que podemos estar sendo espionados agora mesmo, através dos nossos próprios celulares? A resposta é sim, é possível. Mas diante de taaantos dados, talvez não sejamos a prioridade.
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Publicado em VEJA São Paulo de 03 de fevereiro de 2021, edição nº 2723