Após perder a eleição para vereador com cerca de 16 000 votos, o arquiteto Nabil Bonduki, 65, lamentou a dívida de 150 000 reais acumulada na campanha com o Coletivo + Direito à Cidade. “Devido à cota racial, o PT não pôde repassar 45 000 reais dos recursos previstos. Vereadores que se declaravam negros e já ganhavam bastante arrecadaram ainda mais, o que gera um desequilíbrio.” Não poder apresentar propostas em eventos presenciais prejudicou ainda mais o número de doações, acredita. “Quem se saiu bem foi quem já tinha mandato. Embora ninguém vá admitir que usou recurso pessoal dos próprios gabinetes para sua campanha, hoje um único gabinete tem só de folha de pagamento 170 000 reais”, alfineta. “Isso não aconteceu apenas com o Nabil, mas com outras candidaturas de brancos”, respondeu o presidente do diretório municipal do PT, Laércio Ribeiro. “Não era uma imposição partidária, e sim uma determinação do Supremo que tivemos de cumprir. Contudo, consideramos que as políticas de cotas são absolutamente relevantes para combater o racismo estrutural.”
Publicado em VEJA São Paulo de 16 de dezembro de 2020, edição nº 2717.