Entre o Largo da Batata e a Avenida Brigadeiro Faria Lima, um novo hotel de luxo será inaugurado em outubro deste ano com bar, restaurante e boulangerie instalados no térreo. Batizado de Pulso, o empreendimento terá 52 quartos e cinco suítes, além de andares compostos por 66 residenciais — quase todos já vendidos.
Responsável pela arquitetura e design de interiores do projeto, Arthur Casas comprou um dos apartamentos, à venda por 9 milhões de reais, e será um dos moradores após a abertura. “Queremos que os hóspedes conheçam um recorte de São Paulo, seja com um drinque autoral feito lá mesmo ou ao descobrir uma obra de arte nos corredores”, diz o CEO Otavio Suriani.
Fotografias, peças de arte e quadros paulistanos e nacionais ficarão espalhados por todos os ambientes, com itens escolhidos pelo curador e crítico Guilherme Wisnik. Em exibição permanente no jardim do lobby do hotel, que fica nos fundos, uma delas será a Mácula (1994), de Nuno Ramos, exposta na XXII Bienal Internacional de São Paulo. Guilherme também vai elaborar a programação cultural do bar Sarau, com cinquenta lugares e carta de drinques assinada pelo bartender Gabriel Santana.
“Queremos receber pocket shows acústicos e nomes como Jaques e Dora Morelenbaum”, adianta Otavio. Uma praça na entrada abriga o restaurante com proposta de brasserie contemporânea e a boulangerie, ambos operados pelo banqueteiro Charlô Whately, que mantém desde 1988 nos Jardins o Charlô Bistrô e Rotisserie.
Com investimento de mais de 200 milhões de reais, a novidade começou a sair do papel há mais de dez anos, quando a empresa Estancorp passou a adquirir o terreno na região da Rua Henrique Monteiro, travessa da Faria Lima. “Começamos a comprar casinha por casinha e originalmente seria um hotelzão com 400 unidades, mas assim que mudou o Plano Diretor conseguimos fazer um projeto mais interessante, com esse diálogo entre arte e arquitetura”, resume Otavio.
As diárias, entre 300 e 400 dólares (cerca de 1 500 a 2 000 reais), devem competir com os valores de hotéis como Fasano e Emiliano, mas o grupo espera atrair um público mais jovem — o mesmo vale para as vendas dos apartamentos, com 232 metros quadrados, “ideais para casais que estão começando a família”, acredita Otavio. “E o hotel ainda presta serviço para o residencial, com a opção de café da manhã, limpeza e o SPA da marca L’Occitane au Brésil.”
Formado em cinema, Otavio migrou há doze anos para a empresa do pai, Lucio Suriani, dono da Estanplaza Hotéis, hoje com dezesseis unidades em São Paulo. “A atividade não é muito diferente, no fim tem que saber lidar com pessoas e projetos.” Para essa empreitada, uma das prioridades foi pensar em espaços abertos para a calçada e os pedestres, sem cobrir a fachada. “Incorporador constrói, vende e vai para o próximo, mas a gente fica. Então não adianta investir milhões e chegar na recepção com um atendente mal-humorado e o pãozinho do couvert duro. Tudo o que gastamos não valeria nada.”
Publicado em VEJA São Paulo de 19 de julho de 2023, edição nº 2850