Alfaiate da elite paulistana, Fabrizio Allur, 38, acaba de se mudar para um ateliê três vezes maior na Vila Nova Conceição, região onde trabalha há onze anos. “Queria um lugar que acolhesse os clientes e tivesse mais privacidade”, resume. O espaço de 300 metros quadrados inclui um fumódromo de charutos, onde padrinhos e advogados podem aguardar as provas de noivos e clientes, por exemplo, e uma grande passarela escura que leva à fábrica de dez funcionários.
Com as adaptações da pandemia, nem todos os fregueses têm visitado a novidade e as entregas feitas por helicóptero para clientes do interior também foram interrompidas. “Eu me acostumei a atender por Facetime e por fotos, mas preciso ensinar a eles como tirar suas próprias medidas”, conta.
Com ternos que custam de 5 000 a 80 000 reais, Allur viu os pedidos diminuírem nos últimos meses, mas jaquetas com corte de alfaiataria e calças com tecido confortável passaram a ser sucesso de vendas. “Muitos começaram a pedir tecidos leves, que não amassam, e hoje trabalho com uma empresa inglesa que fornece um tecido impermeável e antibactericida.” Nesse material, um terno completo chega a custar 11 000 reais.
De Parelheiros, o paulistano começou a trabalhar no ateliê de Ricardo Almeida e seguiu os passos do irmão mais velho, que era gerente e faleceu quando Fabrizio tinha 18 anos. “Entrei de cabeça, fiz cursos e, anos mais tarde, abri meu próprio negócio”, relembra. Morador da região de Santo Amaro, hoje seu único hobby é aproveitar o tempo livre com a esposa e as duas filhas pequenas. “Tudo o que consegui foi pela alfaiataria.”
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Publicado em VEJA São Paulo de 12 de maio de 2021, edição nº 2737.