A designer de interiores Sophia Meira, 45, comprou uma briga com seus vizinhos do condomínio Portal da Cidade, no Panamby. Boa parte dos cerca de 350 moradores dos oito blocos do empreendimento, inaugurado em 1986, quer “modernizar” o projeto original, que tem influência da escola brutalista, caracterizada por uma estética crua. O conjunto foi idealizado por Ruy Ohtake, referência da arquitetura paulistana.
Nas assembleias, Sophia e a mãe pertencem à minoria contra o “retrofit”, que prevê substituir por porcelanato os pisos de ardósia na área comum e também o pau-brasil nos apartamentos. Para clarear os ambientes, querem pintar o concreto de branco, além de transformar o terraço em varanda gourmet.
“Isso descaracteriza o projeto e desvaloriza o imóvel”, reclama Sophia. A família dela comprou o apartamento de 337 metros quadrados em 2011 por cerca de 900 000 reais e hoje o imóvel não chegaria a 650 000. No ano passa- do, ela procurou a prefeitura para tentar tombar o empreendimento, mas o processo não avançou. Agora, Sophia e a mãe querem entrar na Justiça contra as reformas. “Quer varanda gourmet? É só procurar um dos milhares de edifícios neoclássicos na cidade. Mais do que cafonice, meter a mão numa obra de arte é arruiná-la”, acredita. Procurados, Ohtake e o síndico não quiseram se pronunciar.
E você? Acredita que pode varanda gourmet em prédio brutalista? Confira só o antes e o depois:
Publicado em VEJA SÃO PAULO de 18 de março de 2020, edição nº 2678.