Bruno Covas, atual prefeito de São Paulo, superou seu oponente, Guilherme Boulos (PSOL), e foi reeleito neste domingo (29) para mais quatro anos de mandato. A posse está marcada para o dia 1° de janeiro de 2021. Com 100% das urnas apuradas, ele registrou 3,1 milhões de votos (59,31% do total), contra 2,1 milhões (40,62%) de Boulos.
Herdeiro da prefeitura após a renúncia de João Doria, em abril de 2018, Covas tem como missão imediata atuar no combate aos casos crescentes de coronavírus, apesar de o discurso até aqui ser de que não há contágio fora do controle. Há a expectativa de que algumas regiões do estado, incluindo a capital, regridam de fase (a verde) no plano estadual da quarentena. O anúncio poderá ser feito nesta segunda-feira (30).
Desde que assumiu o controle da cidade, o prefeito tucano tenta conseguir uma marca com seu nome, algo inatingível até o momento. Um dos planos, o de transformar o Elevado Presidente João Goulart, o Minhocão, em parque permanente, ainda não saiu do papel. Outra aposta, a reforma do Vale do Anhangabaú, ainda em execução, tem rendido mais críticas do que elogios.
Enquanto tentava a reeleição, Covas precisou explicar diversas vezes por que seu candidato a vice, Ricardo Nunes (MDB), foi acusado de violência doméstica pela sua esposa, em caso ocorrido há dez anos. Em entrevista à Rádio CBN, na última semana, o prefeito se irritou e disse que a imprensa persegue o atual vereador. Outra acusação que recai sobre Nunes é um suposto favorecimento a entidades conveniadas com a Secretaria Municipal da Educação. O caso está sendo investigado pelo Ministério Público e está na fase inicial.
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A ideia original de Bruno Covas era ter uma mulher como vice. A ex-prefeita e ex-senadora Marta Suplicy chegou a ser cogitada, mas sua ligação histórica com o PT poderia atrair uma impopularidade desnecessária. Outro nome proposto foi a da senadora Mara Gabrilli (PSDB). A tentativa naufragou devido a pressão de partidos coligados, como o MDB e o DEM.
Neto do ex-governador Mário Covas, Bruno falou com a Vejinha em março de 2018, uma semana antes de assumir a prefeitura. A capa da revista, enquadrada, enfeita até hoje a entrada de seu gabinete. Na ocasião, o tucano logo tentou se descolar do ex-chefe e cravou: “Eu me orgulho de ser político”. A fala foi um contraponto ao discurso da campanha de Doria em 2016, segundo o qual “eu não sou político, sou gestor”.
Outra entrevista exclusiva, em novembro do ano passado, foi feita no Hospital Sírio Libanês. O prefeito tinha acabado de ser diagnosticado com um câncer no trato digestivo. Sem se ausentar do trabalho diário, ele levou tablet e assessores para despachar do quarto. “Minha única opção é lutar pela vida”, afirmou.