Apesar de ainda ser apontado como um novo nome por algumas pessoas, o Black Keys, duo de indie rock formado em Ohio por Dan Auerbach (voz e guitarra) e Patrick Carney (bateria), deu início a sua carreira em 2001. Contemporâneo de bandas que alcançaram projeção mundial com um pouco mais de facilidade, como o White Stripes e o Strokes, o grupo só viu o panorama mudar a partir de 2008. Foi nesse momento em que a dupla trocou os porões e as garagens onde gravavam para registrar o quinto disco da carreira, Attack & Release, em estúdio. Também começou aí a parceria com o renomado produtor Danger Mouse. Os sucessores Brothers (2010) e El Camino (2011) só confirmaram a boa transição feita por eles. Agora, Auerbach e Carney colecionam prêmios Grammy, milhões de cópias vendidas, ingressos disputados ao redor do mundo (as entradas para um show deles no Madison Square Garden, em Nova York, esgotaram em 15 minutos) e encabeçam o line-up dos principais festivais. No ano passado, o Black Keys foi headliner na edição americana do Lollapalooza, em Chicago. A versão brasileira do evento, que ocorre no Jockey Club entre sexta (29) e domingo (31), também tem os rapazes como principal atração. Eles sobem ao palco principal no sábado (30).
Confira entrevista com Patrick Carney:
Os primeiros discos do Black Keys têm uma sonoridade mais crua. Como era o processo de gravação?
No começo, tocávamos guitarra e bateria em um porão minúsculo. Acho que o lugar era menor do que uma garagem. Como gravávamos ao vivo por conta própria, o resultado realmente parecia desequilibrado e mais cru em relaçāo ao trabalho que fazemos hoje. Mas gostávamos daquele resultado estético. Era uma maneira mais barata de fazer a coisa acontecer.
O que mudou a partir de Attack & Release (2008)?
Foi nesse ponto em que tudo se profissionalizou. Pela primeira vez gravamos em um estúdio de verdade. Usamos microfones bons e mixamos, sabe? Também foi a primeira vez que trabalhamos com um produtor, então pudemos pensar melhor nos arranjos e adicionamos instrumentos extras. A diferença nāo foi apenas na estrutura. Como Attack & Release já se tratava do nosso quinto álbum, era o momento de testar coisas diferentes, mas ainda boas. Era a hora de experimentar mesmo.
Após tanto tempo na estrada, como vocês recebem o convite para ser a principal a atração de um megafestival?
A primeira vez que tocamos no Coachella e no Lollapalooza foi em 2004 e 2005, respectivamente. Naquela época, ocupávamos os pequenos palcos desses festivais e éramos escalados para o período da tarde. Após quase dez anos, ser escalado como uma das principais atrações é tipo… uau! Trabalhamos muito para isso, mas não deixa de ser estranho, porque lembramos daquela época.
Qual a diferença de um show do Black Keys em um festival e em uma casa de shows?
Na verdade, o nosso show não muda muito de um local fechado para um festival. Quando subimos no palco, sempre fazemos o que deve ser feito.
Mas vocês vêm com outros músicos?
Eu e o Dan tocávamos juntos, mas a necessidade da presença de outros músicos foi surgindo. Nos últimos dois discos, por exemplo, precisamos de auxílio na hora de gravar o baixo e o órgão. Ainda temos momentos no palco só de nós dois. Para o Brasil vamos levar outros instrumentistas. Quando eles entram, a apresentação ganha uma dinâmica diferente.
O que você espera do show no Lollapalooza?
Eu nunca fui para o Brasil. Não sei nem o que esperar. Alguns amigos de outras bandas, como o Strokes, falaram muito bem do público daí. Queremos tocar para ver os nosso fãs. Não sei quanto tempo ficaremos em São Paulo, mas se tiver a oportunidade quero circular pela cidade e conhecer a noite.
Como está o processo de gravação do próximo disco?
Estamos fazendo o novo álbum neste exato momento. A gente deve terminar tudo em maio, mas precisaremos sentar para alinhar os últimos ajustes e também daremos uma pausa antes do lançamento, que deve ocorrer no próximo inverno. A pausa é necessária, porque estamos em um ritmo acelerado e sem parar desde 2010. Como ainda estamos produzindo o disco, fica difícil adiantar detalhes. Ele muda de cara toda semana, mas devemos fazer um meio termo entre Brothers e El Camino.
Você sente falta de tocar em lugares pequenos?
Na verdade, não. (risos). Já fizemos isso por muito tempo. É bom tocar em lugares pequenos, mas quando você toca no Madison Square Garden, que é onde o New York Knicks joga, você está em outro nível. Bandas que acontecem tocam ali.
Como vê a mudança de público do Black Keys?
O número de fãs cresce a cada dia, mas sinto que estamos atraindo pessoas mais novas. Em 2000, a gente tocava para gente com uns 18 anos. Hoje em dia, vemos um público ainda mais jovem. Isso é legal, porque acabamos influenciando uma garotada que ainda vai se interessar por tocar um instrumento e, quem sabe um dia, montará uma banda.