Um ponto que era a cara da Liberdade, a Peixaria Mitsugi fechou em definitivo, 50 anos depois da inauguração. O estabelecimento que vendia peixes para viagem, mas fazia sucesso mais por seus sushis e sashimis servidos no próprio espaço, operou até o fim de maio.
As restrições de horário impostas pela pandemia foram decisivas para a queda de faturamento. “Sempre tinha gente na casa, mas um restaurante não sobrevive com movimento pequeno”, comenta o sócio Luis Fernando Santos. “É muito cruel.” A gota d’água veio quando o proprietário do imóvel solicitou o ponto de volta. “Mudar de espaço requer uma grana que a gente não tinha.”
O tradicional negócio foi montado nos fundos de uma galeria na Rua Galvão Bueno pelo japonês Sozaburo Mitsugi, morto em 2012. Com o tempo, a peixaria passou a vender, além de pescados inteiros, sashimi em embalagem de isopor para viagem. Em março de 2017, o espaço foi comprado por Luis Fernando, um antigo cliente. O psicanalista revitalizou o endereço e deu cara de restaurante ao ponto, que também recebia algumas festas. O lugar bombou.
No fim de junho de 2019, a Peixaria Mitsugi deixou a galeria e foi para um ponto não muito longe dali, na Rua São Joaquim, 482. O alugue era bem mais em conta, e o espaço menor também. O clima de restaurante foi reforçado, mas as baladinhas já não rolavam mais.
“Antes da quarentena, foi ótimo”, diz Luis Fernando. “No novo espaço, conseguíamos ter uma variedade de comida maior. Se a pandemia não tivesse vindo, a gente estaria abrindo filial”, lamenta. “O que vai restar do país, depois disso que o governo promoveu e fez com que essa pandemia conseguisse matar gente, negócios, relações?”, desabafa.
“Quem administrava a casa era meu pai, de 65 anos. Até ele ser vacinado, foi muito difícil.” No perfil do Instagram do estabelecimento, havia até pouco tempo atrás, uma mensagem de revolta dos proprietários: “50 anos jogados no lixo por falta de vacinas, por conta de um governo de malucos”, dizia o texto. Agora, mais esperançoso, o perfil informa que a Peixaria Mitsugi pode voltará com novo formato de negócio. 30 de maio, último dia de funcionamento, pode ser significar o início de um hiato para um recomeço.
“Temos a marca, contatos e know-how. Há algumas conversas que estamos ouvindo de marcas. Estamos abertos a propostas”, diz Luis Fernando.
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