O fluxo de público é quase garantido. Estamos, afinal, embaixo de um dos marcos paulistanos, o Teatro Municipal. Ainda assim, diferentemente de muitos estabelecimentos encaixados em pontos turísticos, o Bar dos Arcos investe, cada vez mais, em qualidade. A acomodação passa longe dali.
Continuam, porém, idiossincrasias como o fato de o cliente ter de ser levado disciplinadamente até um lugar determinado, com burocracias se disser “posso sentar ali, na frente dos bartenders?”. Pode parecer firula, mas para apreciadores de talentos da coquetelaria faz diferença. Se, entretanto, considerarmos o que se tem bebido ali, tudo bem.
E o que merece pousar sobre seu balcão iluminado, no meio das antigas fundações da casa de espetáculos? Seguindo a temática do centenário da Semana de 22, a atual carta chamada de As Modernistas Estão Chegando foi criada pela equipe de bar e afinada pela bartender Michelly Rossi.
Muitos drinques valorizam ingredientes nacionais. O jamburana (bourbon com infusão de flor de jambu, vermute tinto e bitter aromático; R$ 36,00) sabe usar sem gratuidade a dormência que o vegetal causa na língua. O juçara bebe da fonte do daiquiri para fazer uma boa mistura de rum branco, suco de limão-taiti e xarope de açaí (R$ 30,00) enfeitada com folha de bananeira com doce de banana.
De inspiração mexicana, o espetacular não me khalo (R$ 59,00) é uma mescla de tequila, vermute seco, água de tomate, limão-taiti e mel de agave, com um toque salgado e refrescante. Os drinques são bem apresentados, vestidos para o baile, às vezes com chamativas flores de plástico, no caso do jamburana. Afinal, não é raro o público fotografar tudo para postar — a produção de conteúdo é pesada.
Antes de ir embora, faça uma boquinha com o nhoque de batata dourado na manteiga e creme de queijo de cabra, romã e manjericão (R$ 49,00).
Avaliação: ÓTIMO (✪✪✪✪)
Praça Ramos de Azevedo, s/nº, Centro, tel. 98456-8732.
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