Muro de Arrimo não foi apenas o primeiro monólogo protagonizado por Antonio Fagundes. Representou também a estreia do ator como produtor de bem-sucedidos espetáculos. A peça de Carlos Queiroz Telles, dirigida por Antonio Abujamra, ganhou o palco em novembro de 1975 no Teatro Aliança Francesa.
A trama era centrada em um pedreiro que, ao contrário dos engenheiros e do mestre de obras, não foi liberado para torcer pelo Brasil em um jogo decisivo da Copa do Mundo. A temática social levantada por Fagundes despertou polêmica, e o artista caprichou no realismo para impressionar a plateia.
O cenógrafo Elifas Andreato criou um muro de 2 metros por 1,80 metro , que seria erguido pelo personagem gradualmente durante a peça. Fagundes manuseava uma massa – uma mistura de cal, areia e água – para tornar mais verdadeira ainda a ação do pedreiro na construção do muro. Ele mesmo voltou a montar o texto em 1989.
Mais de quatro décadas depois, Fagundes segue exigente na escolha de seu repertório e consagrado também no papel de produtor. A comédia Baixa Terapia, que estreia em 17 de março no Tuca, é o seu próximo espetáculo. O artista também vai ser homenageado na próxima edição do Prêmio Shell, em março, pelo conjunto da obra.