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Gregorio Duvivier reproduz em “Sísifo” as derrotas nossas de cada dia

Dirigido por Vinicius Calderoni, também coautor, o artista recorre ao mito grego que carrega uma pedra morro acima para vê-la rolar e começar tudo de novo

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 20 set 2019, 10h54 - Publicado em 18 set 2019, 12h08
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  • Sísifo
    Sísifo: solo com Gregorio Duvivier (Elisa Mendes/Divulgação)

    O ator Gregorio Duvivier e o dramaturgo e diretor Vinicius Calderoni recorreram a um mito grego para criar a imagem do homem contemporâneo, ora incansável diante das derrotas, ora em permanente anulação. O monólogo Sísifo remete ao herói que carrega uma pedra morro acima para vê-la rolar e começar tudo de novo.

    Em sessenta cenas de cerca de um minuto cada uma, o protagonista refaz o percurso, independentemente do personagem. Em comum, todos eles levam nas costas uma vergonha, uma negação ou uma motivação inexplicável para retornar ao ponto de partida. “Não se chega a um lugar sem passar por outro”, afirma Duvivier dezenas de vezes, antes de retomar a escalada.

    Um sujeito, ao cruzar a pista de dança, enxerga a ex-namorada feliz da vida ao lado de outro e dá um chilique. Viciado no mundo digital, um suicida transmite uma live do celular segundos antes de se jogar de um morro, enquanto uma garota passa a produzir brigadeiros em busca de um sentido para a vida. Há também o menino que, apaixonado pela colega, é alvo de deboche na escola.

    Os personagens surgem, sobem a ladeira discursando e desaparecem. Duvivier aponta discussões filosóficas e traz à tona traumas do país, como o incêndio do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, o rompimento da barragem de Brumadinho e o assassinato de Marielle Franco. O tom cômico é gradualmente substituído por um gosto amargo, por um pessimismo contra o qual nem o maior dos esforços garante efeito definitivo.

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    A narrativa fragmentada, próxima de uma linguagem de internet, não pesa. Pelo contrário, promove gargalhadas que, claro, diminuem à medida que a densidade aumenta, mas não cessam. Deve ser porque, pelo menos durante um espetáculo, o público se permite rir das derrotas nossas de cada dia (70min). 16 anos. Estreou em 13/9/2019.

    + Teatro do Sesc Santana. Avenida Luiz Dumont Villares, 579, Jardim São Paulo. Sexta e sábado, 21h; domingo, 18h. R$ 40,00. Até 20 de outubro.

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