“Stand-down.” É assim que o jornalista e escritor Eduardo Bueno, 65, define sua nova peça Bra$il: Pecado Capital, que chega a São Paulo no Teatro J. Safra nos dias 29 e 30 de setembro e 1º de outubro. O espetáculo escrito e dirigido por ele, que estreou nos palcos com Não Vai Cair no Enem, em 2019, “faz o público rir para não chorar”, segundo ele, enquanto revela a corrupção presente na construção das três capitais brasileiras, Salvador (1549- 1763), Rio de Janeiro (1763-1960) e a atual, Brasília.
+Prêmio Bibi Ferreira anuncia finalistas da décima edição
Ao estilo da primeira montagem, Bueno, conhecido como Peninha, replica em cena o jeito debochado e exaltado dos vídeos de seu canal no YouTube Buenas Ideias para contar trechos da história do Brasil. “Quero mostrar que o germe da corrupção está no DNA da prática política brasileira e que, para além de apontar o dedo para os governantes, temos de entender que isso é nossa responsabilidade também”, diz. A trama é apresentada a partir de três figuras reais e corruptas envolvidas no funcionamento de cada uma das cidades, que Bueno encarna usando figurinos dispostos em uma arara no palco. “Um dos personagens é o Pero Borges, um desembargador português que já havia sido condenado em Portugal por desvio de verbas, mas que virou, pouco tempo depois, o Ouvidor-Geral do Brasil, o equivalente ao Ministro da Justiça nos dias de hoje, e roubou muito em Salvador”, conta.
A peça chega à capital paulista após passar por Porto Alegre, cidade natal do escritor, em julho e no início de setembro, onde teve parte dos ingressos esgotada. Com o sucesso de público, nem dá para imaginar que a primeira sessão teve de ser um pouco improvisada. “Escrevi em cima da hora e entreguei o texto ao meio-dia da data de estreia. Os caras da luz e do som queriam me matar”, brinca. Depois de São Paulo, o espetáculo ainda deve se apresentar em Curitiba e Brasília.
+“Estou na fase de consolidar a carreira de atriz”, diz Lívian Aragão
As experimentações teatrais são apenas alguns dos projetos de Peninha, que ficou conhecido pelo trabalho em veículos de comunicação de Porto Alegre e pelos livros sobre a história do Brasil, como a coleção Terra Brasilis, que começou a ser lançada em 1998. A fama do escritor, considerado uma figura pop da área e questionada, inclusive, por historiadores, alavancou com a criação do canal do YouTube, em 2017, que hoje tem mais de 1,3 milhão de inscritos. “O YouTube mudou tudo. Hoje, tiro umas trinta fotos por dia na rua”, conta Bueno. O jornalista não vê problemas em produzir conteúdo para a plataforma, mas alega que gostaria de voltar a fazer sucesso por causa dos livros. “Me identifico muito mais com meu lado escritor do que com meu lado youtuber”, diz. Além da peça, ele se prepara para lançar em março de 2024 uma nova edição de Brasil: Uma História, desta vez atualizada até os atos golpistas de janeiro deste ano.
Publicado em VEJA São Paulo de 15 de setembro de 2023, edição nº 2859