A Rua Visconde de Parnaíba, que começa no Brás, passa pela Mooca e termina no Belenzinho, possui em seu carcomido asfalto um conjunto de trilhos que remete a um passado não muito distante. Até 2011, o caminho era usado por um bonde, de prefixo 38, que servia aos visitantes do Museu da Imigração, na mesma via, até a estação Bresser.
Montado em Santos pela fábrica escocesa Hurst, Nelson and Company Ltd, em 1912, o veículo começou a ser utilizado no pedaço, em 1998, como uma extensão do memorial, reinaugurado naquele ano. Na ocasião, o então governador, Mário Covas, fez um passeio no veículo, que tinha capacidade para transportar 42 pessoas e era a alegria da criançada. O percurso, de 500 metros, deixou de ser viável depois que a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) mudou a mão de direção da rua, em 2009. Sem poder andar na contramão, o bonde foi abandonado e sofreu com furtos, depredações, deterioração pelo tempo e com sucessivas enchentes. Antes de servir aos visitantes do espaço cultural, o velho bonde carregou passageiros “de verdade” em longos trajetos em Santos, entre 1912 e 1971. Há dez anos o veículo retornou à cidade litorânea e à Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, sua proprietária.
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Publicado em VEJA São Paulo de 3 de novembro de 2021, edição nº 2762